Antes de tudo e do nada serem,
No início era apenas o Eu.
Antes da luz e trevas se conterem,
Antes do beijo da terra e do céu.
Era a Mente Primordial que falava;
Tudo em si continha: o Pai e Mãe.
Numa explosão caótica, cantava;
Era tudo e todos, e ainda assim ninguém.
Se expandia e contraía,
A Mente que, por paixão, emanou.
Sem vontade, ser arquiteto queria!
Ser ferramenta e material do mundo que desenhou.
Vibrou, então, a canção do Eu Primordial!
O Verbo ganhou forma e em ser se tornou;
Na sua mão direita segurava dourado punhal,
E com ele a si mesmo se apunhalou.
O Ser, que era hermafrodita e eterno,
Sangrou sobre o caos, que em espiral girava.
Foi o primeiro nascer do Sol fraterno,
Era a ordem que agora reinava.
Vendo agora ordem sagrada,
Onde antes o caos reinou,
O Ser, em dois, teve sua essência rasgada.
Não mais sendo uno, em luz e escuridão se tornou.
O que dele restou continuou a ser cortado,
Cada pedaço, num ser divino, se tornou.
Com o seu punhal foi esquartejado,
Aquele que a matéria e o espírito emanou.
Por amor à sua obra amada,
O que do Ser restava, na matéria caiu.
Perdeu a sua forma aprimorada,
Aquele que, como raio, o mundo atingiu.
Do Ser inefável e sacrificado,
Apenas os dois olhos restaram.
Um tornou-se na Lua, Rainha do céu estrelado;
O outro, Sol, Rei dos deuses que na matéria mergulharam.
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Autor:
Paulo de Tarshish (
Offline)
- Publicado: 24 de maio de 2025 12:00
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 3
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