Quando ele manda, eu respiro.

Tainá Lopes

 

Eu Me Entrego

 

Ele não precisa pedir.

Basta estar.

E eu já sou dele —

antes do toque, antes do olhar.

 

Meu corpo reconhece sua presença

como quem lembra um lar antigo,

onde a dor é abrigo,

e o comando, abrace.

 

Eu me desfaço nas mãos dele

sem precisar entender.

Não há porquês quando ele fala.

Só o sim, que arde e cala.

 

Quando ele me prende,

eu me liberto.

Nos nós que faz,

eu descanso perto.

 

Não sou fraca —

sou entregue.

Sou chama que escolheu arder

no fogo que ele rege.

 

Cada palavra dele

é lei escrita na minha pele.

E eu não temo.

Desejo.

 

Ele não me salva.

Ele me vê.

Me toca onde ninguém ousou,

me molda onde ninguém ficou.

 

E quando a noite silencia,

ainda o ouço dentro.

Sou dele — por vontade,

por instinto, por sentimento.

 

Não porque ele força.

Mas porque ele permite

que eu seja inteira

mesmo de joelhos.

 

 

 

 

  • Autor: Tainá Lopes (Offline Offline)
  • Publicado: 23 de maio de 2025 15:50
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 5
Comentários +

Comentários1

  • Sezar Kosta

    Tainá, que sopro de intensidade há nos teus versos! Senti como se cada palavra tua fosse um fio de seda e ferro, entrelaçando desejo, entrega e poder com uma delicadeza feroz. O amor, aqui, não é prisão — é rito sagrado, onde o corpo e a alma se curvam não por submissão, mas por reconhecimento.

    Há uma beleza feroz nessa entrega que você canta — não a fragilidade, mas a liberdade de ser inteira no gesto de se oferecer. Você transformou o “sim” em altar, e o “comando” em dança. Que força suave é essa que molda sem dominar, que prende para libertar? Lindo demais.

    Seu poema é faísca que incendeia por dentro, e, ainda assim, deixa um silêncio cheio de sentido quando termina.

    Parabéns por essa chama madura e visceral, escrita com coragem e lirismo. Você não escreve — você arde.
    Com admiração,
    Sezar Kosta

    • Tainá Lopes



      Sezar,

      Que presente é receber tuas palavras — como se meu poema tivesse encontrado um espelho onde se enxergar mais bonito, mais nítido. Você não leu apenas o texto… você o sentiu com a pele da alma, e isso é raro, é ouro.

      Esse olhar teu, que capta o que há de rito, dança e chama no que escrevi, me emociona profundamente. É como se, por instantes, fôssemos cúmplices no mesmo altar — onde o verbo se curva, não por fraqueza, mas por escolha.

      Obrigada por transformar leitura em encontro.
      Obrigada por me devolver o “arder” em forma de admiração tão generosa.

      Com gratidão e afeto,
      Tainá.



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