Eu Me Entrego
Ele não precisa pedir.
Basta estar.
E eu já sou dele —
antes do toque, antes do olhar.
Meu corpo reconhece sua presença
como quem lembra um lar antigo,
onde a dor é abrigo,
e o comando, abrace.
Eu me desfaço nas mãos dele
sem precisar entender.
Não há porquês quando ele fala.
Só o sim, que arde e cala.
Quando ele me prende,
eu me liberto.
Nos nós que faz,
eu descanso perto.
Não sou fraca —
sou entregue.
Sou chama que escolheu arder
no fogo que ele rege.
Cada palavra dele
é lei escrita na minha pele.
E eu não temo.
Desejo.
Ele não me salva.
Ele me vê.
Me toca onde ninguém ousou,
me molda onde ninguém ficou.
E quando a noite silencia,
ainda o ouço dentro.
Sou dele — por vontade,
por instinto, por sentimento.
Não porque ele força.
Mas porque ele permite
que eu seja inteira
mesmo de joelhos.