TainĂ¡ Lopes

Quando ele manda, eu respiro.

 

Eu Me Entrego

 

Ele não precisa pedir.

Basta estar.

E eu já sou dele —

antes do toque, antes do olhar.

 

Meu corpo reconhece sua presença

como quem lembra um lar antigo,

onde a dor é abrigo,

e o comando, abrace.

 

Eu me desfaço nas mãos dele

sem precisar entender.

Não há porquês quando ele fala.

Só o sim, que arde e cala.

 

Quando ele me prende,

eu me liberto.

Nos nós que faz,

eu descanso perto.

 

Não sou fraca —

sou entregue.

Sou chama que escolheu arder

no fogo que ele rege.

 

Cada palavra dele

é lei escrita na minha pele.

E eu não temo.

Desejo.

 

Ele não me salva.

Ele me vê.

Me toca onde ninguém ousou,

me molda onde ninguém ficou.

 

E quando a noite silencia,

ainda o ouço dentro.

Sou dele — por vontade,

por instinto, por sentimento.

 

Não porque ele força.

Mas porque ele permite

que eu seja inteira

mesmo de joelhos.