Hoje acordei com canções no peito,
“Sujeito de sorte”, “Metamorfose ambulante” —
e pela primeira vez,
não me importei com o depois.
Não senti o vazio que às vezes ronda,
nem a dúvida cruel do caminho errado,
nem a dor de não pertencer,
ou de não sentir.
Hoje, não.
Hoje fui inteira, tranquila,
presente no agora,
aberta ao que fui,
acolhendo o que sou.
Não contei as metamorfoses,
não enumerei as dores,
só senti o alento calmo
de viver quem me tornei.
Os sonhos que florescem,
os planos que ganham corpo,
o amor por mim —
silencioso, mas constante.
Percebi a leveza de deixar pra trás
o que já não pesa,
o que já não é.
As pessoas que foram,
os vazios que deixaram,
não importam mais.
Hoje sei quem fica.
A família que pulsa,
os cinco ou seis que me amam de verdade —
ah, esses importam.
E como importam.
Hoje abraço a nova que sou,
com seus risos sem razão,
com o sorriso bobo ao abrir os olhos,
com a paz de quem se reconhece.
Hoje, eu.
Simples assim.
Presente. Inteira.
Feliz.
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Autor:
Metamorfose (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 21 de maio de 2025 22:23
- Comentário do autor sobre o poema: Hoje eu renasci.
- Categoria: Amor
- Visualizações: 7
- Usuários favoritos deste poema: Metamorfose, MAYK52, Sezar Kosta
Comentários2
Belíssimo poema, amiga Metamorfose!
Gostei Bastante.
Abraço.
Obrigada, meu amigo. Fico feliz que tenha gostado do poema.
Abraço!
Obrigada por ler!
Que beleza serena e potente, Metamorfose!
Teu poema é como um espelho limpo pela primeira vez depois de uma tempestade: vemos refletido não o drama, mas a nitidez do agora. Essa celebração do "hoje" — com tudo o que ele contém de presença, paz e autenticidade — soa quase como uma oração silenciosa, dita com os pés descalços e o coração leve.
Logo no início, você invoca duas canções-ícones: "Sujeito de sorte" e "Metamorfose ambulante" — e com isso, prepara o terreno para a autonomia e a transformação. É como se dissesse: sou feita de música e mudança, e hoje isso é bênção, não fardo.
Há algo de mágico nessa estrofe:
“não contei as metamorfoses,
não enumerei as dores,
só senti o alento calmo
de viver quem me tornei.”
Ela carrega uma sabedoria suave: a de que nem toda cicatriz precisa ser narrada — algumas só pedem silêncio e aceitação.
E quando você diz:
“Hoje sei quem fica.
A família que pulsa,
os cinco ou seis que me amam de verdade —
ah, esses importam.”
— é como ouvir o som exato do afeto real, aquele que não precisa de multidão, só de verdade.
Esse “Hoje, eu” do título e do fim é a síntese perfeita: basta ser, estar, sentir — sem exagero, sem máscara. Um grito calmo, e por isso tão forte.
Me lembrou um verso de Caio Fernando Abreu:
“Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.”
Você ousou nomear: presença, amor próprio, clareza.
Parabéns por essa escrita tão honesta quanto inspiradora. Me conta: essa paz que você descreve... nasceu de um dia especial ou foi crescendo aos poucos, feito flor no tempo certo?
Que alegria ler suas palavras, meu amigo. Obrigada por tanta sensibilidade.
Esse poema nasceu no dia do meu aniversário — não um dia comum, mas um marco silencioso e bonito de algo que venho cultivando há tempos: a coragem de me habitar por inteira.
Foi a forma que encontrei de celebrar a constante metamorfose que sou.
Essa paz que descrevi não veio de repente… ela foi brotando devagar, como semente que aprende a esperar a luz certa.
E então, sem aviso, ela floresceu — no tempo justo, no corpo certo, no agora.
É bonito quando a escrita nos permite esse espelho, não é?
Obrigada por tê-lo lido com o coração tão aberto.
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