Hoje acordei com canções no peito,
“Sujeito de sorte”, “Metamorfose ambulante” —
e pela primeira vez,
não me importei com o depois.
Não senti o vazio que às vezes ronda,
nem a dúvida cruel do caminho errado,
nem a dor de não pertencer,
ou de não sentir.
Hoje, não.
Hoje fui inteira, tranquila,
presente no agora,
aberta ao que fui,
acolhendo o que sou.
Não contei as metamorfoses,
não enumerei as dores,
só senti o alento calmo
de viver quem me tornei.
Os sonhos que florescem,
os planos que ganham corpo,
o amor por mim —
silencioso, mas constante.
Percebi a leveza de deixar pra trás
o que já não pesa,
o que já não é.
As pessoas que foram,
os vazios que deixaram,
não importam mais.
Hoje sei quem fica.
A família que pulsa,
os cinco ou seis que me amam de verdade —
ah, esses importam.
E como importam.
Hoje abraço a nova que sou,
com seus risos sem razão,
com o sorriso bobo ao abrir os olhos,
com a paz de quem se reconhece.
Hoje, eu.
Simples assim.
Presente. Inteira.
Feliz.