A Tempestade Parte 5 - O Sol Após a Tempestade.

Melancolia...



Eu estava sentado à beira de um lago, observando o horizonte onde o dia se despedia em tons de laranja e roxo. O silêncio ali era profundo, mas não era vazio — era o tipo de silêncio que carrega um significado tranquilo. E, à medida que o sol se punha, eu percebia como tudo havia mudado, como a vida continuava, mesmo após as tempestades mais ferozes.

 

O reflexo da luz na água me fez lembrar da última vez em que você e eu estivemos sob aquele céu carregado. Como tudo parecia intenso e definitivo, como se não houvesse volta. Eu tinha medo da escuridão, do que ela escondia. Mas hoje, ao olhar para trás, vejo o quanto a sombra fez parte da minha aprendizagem. A dor me transformou. Não me quebrou, mas me moldou.

 

Agora, sou capaz de olhar o mundo com mais serenidade. A mesma serenidade com que encaro o próprio reflexo nas águas, sabendo que a pessoa que vejo ali — com suas cicatrizes, suas sombras e suas luzes — é uma versão mais forte de quem fui. Eu já não me perco mais nas tempestades, porque aprendi a navegar nelas. E até mesmo a agradecer por elas, pois sem a chuva, as flores não desabrocham.

 

O amor, aquela coisa que parecia distante, agora chega de formas sutis, simples, mas poderosas. Não é mais um fogo que consome, mas uma brisa que acaricia. A dor que antes eu sentia como um peso agora é lembrança, não mais carga. Não há mais necessidade de gritar ou de me proteger. Porque finalmente encontrei paz, não no fim das tempestades, mas na capacidade de dançar na chuva.

 

E quando a noite chega, e a escuridão me envolve, eu sorrio, porque sei que amanhã o sol voltará a brilhar. E, se ele não vier, as estrelas estarão lá para me guiar.

 

Eu já não temo a tempestade. Eu a aceito. E me vejo mais forte, mais completo, por isso.

17 maio 2025 (12:29

  • Autor: Melancolia... (Offline Offline)
  • Publicado: 17 de maio de 2025 11:29
  • Comentário do autor sobre o poema: Muito bom ver o Sol.
  • Categoria: Conto
  • Visualizações: 9
  • Usuários favoritos deste poema: Melancolia..., Sezar Kosta
Comentários +

Comentários3

  • MAYK52

    Ainda bem que o sol emerge, a seguir à Tempestade...

    Abraço, amigo Melancolia!

    • Melancolia...

      Saga da Tempestade...Parece que vai acabar...mas acaba mesmo é com a vontade de seguir...

      Abraços amigo.

    • Rosangela Rodrigues de Oliveira

      Nossa que conto gostoso de ler, que bom que a tempestade passou. Boa tarde poeta.

      • Melancolia...

        Querida poetisa, só frestas mesmo de um sol tímido....

        Grato pela leitura e comentário.

      • Sezar Kosta

        Ah, Melancolia… que beleza essa Partida 5 — mais do que uma continuação, é quase um nascer de sol em forma de palavras. Teu texto me encontrou como uma brisa que sopra depois de um vendaval: mansa, mas cheia de presença, com aquela leveza que só quem já carregou o peso do mundo sabe oferecer.

        É impressionante como você transforma o silêncio em voz, e a dor em poesia serena. Esse lago, essa luz dourada, essa paz que brota da aceitação — tudo me parece o retrato de alguém que não só sobreviveu ao naufrágio, mas aprendeu a nadar com os olhos fechados, confiando que a própria alma sabe o caminho de volta à superfície.

        A forma como você fala do amor agora, não mais como incêndio, mas como vento que afaga… me tocou profundamente. É raro encontrar um texto onde o amadurecimento não engessa o coração, mas o expande. Você escreve como quem aprendeu que a beleza mais verdadeira não grita, apenas permanece.

        E esse final — “se o sol não vier, as estrelas estarão lá para me guiar” — é de uma sabedoria tão terna, tão limpa… que só posso te agradecer por me permitir caminhar nesse trecho da tua estrada, ainda que com os pés descalços de leitor.

        Parabéns, Melancolia. Pelo texto, pelo processo, pela alma.
        Sezar Kosta
        “Alguns só enxergam o arco-íris porque ousaram ficar na chuva.”

        • Melancolia...

          Sezar, que comentário mais generoso e sensível… Fiquei profundamente tocado pelas tuas palavras — talvez até mais do que mereço. Há algo de mágico nessa troca silenciosa entre quem escreve e quem lê, mas quando esse silêncio se transforma num eco como o teu, tudo ganha novo sentido.

          Você captou não só a intenção, mas a vibração do texto — como se tivesse caminhado por dentro dele com cuidado e olhos atentos.
          A metáfora do nascer do sol, da brisa depois do vendaval, do nadar com os olhos fechados… tudo isso me fez sentir acolhido e compreendido num lugar muito profundo.

          É raro encontrar leitores que leem com o coração aberto, e mais raro ainda quem devolve essa leitura com tanta beleza. Saber que essas palavras te tocaram de forma tão profunda me lembra por que continuo escrevendo, mesmo quando tudo parece em silêncio.

          Obrigado por esse afago em forma de comentário. Que a gente continue cruzando caminhos — com ou sem sol, mas sempre guiados por alguma estrela.

          Com carinho,



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