Eu estava sentado à beira de um lago, observando o horizonte onde o dia se despedia em tons de laranja e roxo. O silêncio ali era profundo, mas não era vazio — era o tipo de silêncio que carrega um significado tranquilo. E, à medida que o sol se punha, eu percebia como tudo havia mudado, como a vida continuava, mesmo após as tempestades mais ferozes.
O reflexo da luz na água me fez lembrar da última vez em que você e eu estivemos sob aquele céu carregado. Como tudo parecia intenso e definitivo, como se não houvesse volta. Eu tinha medo da escuridão, do que ela escondia. Mas hoje, ao olhar para trás, vejo o quanto a sombra fez parte da minha aprendizagem. A dor me transformou. Não me quebrou, mas me moldou.
Agora, sou capaz de olhar o mundo com mais serenidade. A mesma serenidade com que encaro o próprio reflexo nas águas, sabendo que a pessoa que vejo ali — com suas cicatrizes, suas sombras e suas luzes — é uma versão mais forte de quem fui. Eu já não me perco mais nas tempestades, porque aprendi a navegar nelas. E até mesmo a agradecer por elas, pois sem a chuva, as flores não desabrocham.
O amor, aquela coisa que parecia distante, agora chega de formas sutis, simples, mas poderosas. Não é mais um fogo que consome, mas uma brisa que acaricia. A dor que antes eu sentia como um peso agora é lembrança, não mais carga. Não há mais necessidade de gritar ou de me proteger. Porque finalmente encontrei paz, não no fim das tempestades, mas na capacidade de dançar na chuva.
E quando a noite chega, e a escuridão me envolve, eu sorrio, porque sei que amanhã o sol voltará a brilhar. E, se ele não vier, as estrelas estarão lá para me guiar.
Eu já não temo a tempestade. Eu a aceito. E me vejo mais forte, mais completo, por isso.
17 maio 2025 (12:29