A lua desenha sombras no asfalto,
o ônibus corta a noite como um viajante do tempo
A cidade "grande" se dissolve em pasto,
e o mundo se reduz a um movimento.
Lá fora, os gados são estátuas vivas,
a plantação um mar estático e mudo.
As casinhas, com suas luzes pensativas,
são faróis de um porto seguro.
A física se esconde na paisagem...
As estrelas, frias, calculam sua luz,
enquanto a lei de Newton, em viagem,
me lembra que tudo é o mesmo, inclusive eu, no passado.
Onde o corpo se mantém em seu estado de movimento.
Seguindo em seu estado eterno,
o ônibus, a estrada, o escuro, o gado.
E eu, entre sonho e chão, num sono interno,
pergunto se já fui ou se ainda sou passado.
O interior não é só lugar...
É tempo.
E a noite, com seu luar, apenas guarda
o instante em que tudo está contido,
enquanto o ônibus me leva para nada.
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Autor:
Anna Gonçalves (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 15 de maio de 2025 23:32
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 10
Comentários1
Excelente definição da inércia!
Gostei bastante, cara Anna.
Abraço!
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