ESCUTANDO O RITMO INTERIOR

Sezar Kosta

No pulso tenso do instante,

correntes invisíveis me apertam,

a cidade é relógio frenético,

um grito que não se aquieta.

 

No café que escorre lento,

no sorriso que se esconde,

no vento que sussurra nas folhas secas,

ouço uma maré calma — um convite.

 

Vivi temendo o tempo,

inimigo que rouba o fôlego,

mas ele é rio silencioso,

que chama para a pausa.

 

A ansiedade, névoa densa,

oculta a luz do simples:

ar profundo, noite desperta,

olhar que se demora.

 

Entre a pressa e a calma,

descubro um espaço sagrado,

não para fugir do correr,

mas para mergulhar no efêmero.

 

No ritmo sereno do agora,

o tempo não é tirano,

é jardim onde brotam sentidos,

tapeçaria de instantes tecidos

com o vento, o silêncio, a luz.

 

Aprendo a acolher a demora,

a escutar o ritmo interior —

a urgência se desfaz em miragem,

e o tempo, mestre paciente,

ensina-me a simplesmente ser.

 

Quando o último suspiro chegar,

quero deixar apenas a certeza:

vivi sem correr,

respirando o eterno em cada instante.

  • Autor: Sezar Kosta (Offline Offline)
  • Publicado: 14 de maio de 2025 17:39
  • Comentário do autor sobre o poema: Sabe aqueles dias em que o tempo parece um maestro enlouquecido regendo buzinas, prazos e notificações? Pois é… foi num desses dias que nasceu esse poema. Enquanto o mundo girava em velocidade de foguete, descobri — entre o café morno e o silêncio das folhas — que há um compasso secreto esperando para ser escutado. Escrevi como quem abre uma janela no meio do caos. Se esse texto conversar com algum pedacinho do seu dia, me conta nos comentários — quero saber que ritmos têm tocado por aí.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 12
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