NA CHAMA SILENCIOSA DO RECOMEÇO

Sezar Kosta

Um aroma antigo repousa na pele —

brisa salgada,

terra fresca depois da chuva,

que me segura

feito raiz firme no chão.

 

Que nosso amor renasça — sempre novo.

 

Teu riso atravessa o ar —

leve como folha ao vento.

Luz que acende estrelas

quietas nos meus olhos.

 

Infância viva,

um amor que desabrocha

e devora o mundo

no abraço das mãos entrelaçadas.

 

Lembro o banco esquecido —

guardião mudo dos nossos segredos,

pedras polidas pelo tempo,

o murmúrio do rio

escorrendo entre os dedos,

flores selvagens

ruborizando diante do desejo.

 

Tudo era início,

promessa escrita no céu aberto,

o toque que rasgou o silêncio entre nós.

 

Que nosso amor renasça — sempre novo.

 

Hoje, meu corpo pede

a água clara do espanto,

o abraço que aquece e desmonta,

como se o mundo renascesse

no calor dos teus braços.

 

E o amor —

sempre essa primavera de luz,

essa flor que desperta na sombra da noite.

 

Quero beber das origens outra vez,

sentir a semente da ternura

germinar em luz,

e o tempo ser

um horizonte aberto, infinito.

 

Por isso, te chamo:

 

Venha comigo

ao lugar onde nasceu nosso amor.

 

Pisemos juntos o chão das memórias,

deixemos que cada passo

reacenda a chama antiga,

o fogo que nunca se apagou.

 

Ali, entre promessas guardadas

e a esperança nua do presente,

renovemos o pacto das estrelas —

 

Que nosso amor renasça — sempre novo,

na magia calma e ardente

do recomeço.

  • Autor: Sezar Kosta (Offline Offline)
  • Publicado: 12 de maio de 2025 10:45
  • Comentário do autor sobre o poema: Ah, que bom ter você por aqui! Sezar Kosta na área, dedilhando as teclas e, confesso, com um sorriso de canto de boca. Sabe aquela história que fica borbulhando dentro da gente, esperando a hora certa de vazar? Pois bem, esse poema nasceu de um desses "vazamentos" poéticos. Imagine um lugar onde o tempo parece dançar mais lento, onde o cheiro da terra molhada depois da chuva se mistura com a brisa teimosa do mar. Foi ali, nesse palco de memórias afetivas, que dois corações, outrora hesitantes, resolveram arriscar um passo de dança mais ousado. O riso que ecoava era leve, acredite, como se o vento estivesse soprando canções de alegria bem no ouvido. E os olhos? Ah, os olhos acendiam umas estrelinhas tão discretas, mas que iluminavam um universo inteiro de sentimentos. Lembro de um banco meio esquecido, nosso confidente de madeira, que ouviu mais segredos do que as paredes de um castelo antigo. As pedras do rio pareciam ter aprendido a lição do tempo, ficando lisas e pacientes, enquanto a água sussurrava promessas entre nossos dedos curiosos. E as flores? Ah, essas danadinhas ficavam vermelhas, feito brasa acesa, só de sentir a eletricidade daquele primeiro toque. E hoje? Hoje a gente sente aquela sede de novidade, sabe? De um abraço que desarma a gente todinho, mas que também reconstrói o mundo num calor aconchegante. É como se o amor fosse teimoso em florescer, mesmo na sombra mais quietinha da noite. A gente sempre quer voltar para aquele "começo", não é mesmo? Sentir a ternura brotar de novo, como uma plantinha curiosa buscando a luz. E o tempo? Que ele se estique feito um horizonte sem fim! Por isso, te digo, meu caro leitor curioso: já sentiu essa brasa antiga reacender com uma simples lembrança? Deixa aqui nos comentários suas impressões. Quem sabe a gente não descobre juntos outros jardins secretos da memória?
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 4
  • Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta, Melancolia...
Comentários +

Comentários2

  • Rosangela Rodrigues de Oliveira

    Existem sentimentos que ficam escondidos no coração que valeram a penna ser vividos, quando vem a tona pede um recomeço sem errar, sem se perder. Lindo poema poeta. Bom dia.

  • Melancolia...

    Que poesia linda e serena, cheia de raízes, memória e renovação. É como se cada verso caminhasse com os pés descalços sobre lembranças vivas, tocando com leveza aquilo que o tempo não apaga: o amor que sabe renascer.

    A repetição de “que nosso amor renasça — sempre novo” pulsa como um mantra cheio de esperança, quase uma oração ao afeto que resiste às estações. Senti o cheiro da terra molhada, ouvi o murmúrio do rio, vi as estrelas se acendendo devagar — tudo envolto numa ternura que não se explica, só se sente.

    Obrigada por me levar de volta ao lugar onde o amor nasce e recomeça — com simplicidade, mas também com a força de quem sabe que o recomeço é sempre sagrado.



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