Sezar Kosta

NA CHAMA SILENCIOSA DO RECOMEÇO

Um aroma antigo repousa na pele —

brisa salgada,

terra fresca depois da chuva,

que me segura

feito raiz firme no chão.

 

Que nosso amor renasça — sempre novo.

 

Teu riso atravessa o ar —

leve como folha ao vento.

Luz que acende estrelas

quietas nos meus olhos.

 

Infância viva,

um amor que desabrocha

e devora o mundo

no abraço das mãos entrelaçadas.

 

Lembro o banco esquecido —

guardião mudo dos nossos segredos,

pedras polidas pelo tempo,

o murmúrio do rio

escorrendo entre os dedos,

flores selvagens

ruborizando diante do desejo.

 

Tudo era início,

promessa escrita no céu aberto,

o toque que rasgou o silêncio entre nós.

 

Que nosso amor renasça — sempre novo.

 

Hoje, meu corpo pede

a água clara do espanto,

o abraço que aquece e desmonta,

como se o mundo renascesse

no calor dos teus braços.

 

E o amor —

sempre essa primavera de luz,

essa flor que desperta na sombra da noite.

 

Quero beber das origens outra vez,

sentir a semente da ternura

germinar em luz,

e o tempo ser

um horizonte aberto, infinito.

 

Por isso, te chamo:

 

Venha comigo

ao lugar onde nasceu nosso amor.

 

Pisemos juntos o chão das memórias,

deixemos que cada passo

reacenda a chama antiga,

o fogo que nunca se apagou.

 

Ali, entre promessas guardadas

e a esperança nua do presente,

renovemos o pacto das estrelas —

 

Que nosso amor renasça — sempre novo,

na magia calma e ardente

do recomeço.