O medo não é muro nem abismo —
é a língua ancestral que os ossos calam,
sinais gravados em paredes brancas.
Quantos mundos se apagam no "ainda não"?
Quantos véus se tecem no tear do silêncio?
O tempo é ceifador de sementes esquecidas,
e os olhos, agora, guardam epitáfios:
AQUI REPOUSA O VOO QUE AS ASAS NEGARAM.
Os corajosos? Alfaiates do impossível —
costuram histórias com fios roubados ao vento.
Os cautelosos? Arquitetam catedrais de talvez,
onde até os anjos perdem a voz.
Mas escuta: o véu entre a névoa e a luz
é tramado com fios de lua e lágrimas secas.
Um passo não é ruptura — é salmo cantado em surdina.
O resto é espelho: Janus, com suas duas faces,
sussurra que o segredo já era seu antes do verbo.
Francisco Monteiro
-
Autor:
Francisco Monteiro (
Offline)
- Publicado: 10 de maio de 2025 21:03
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 17
- Usuários favoritos deste poema: Drica
Comentários1
Mitologia, amo! Bonito. Gostei!
Sou muito grato!
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.