Curta Ilusão

Metamorfose

Achei que era chama, mas era brisa,

um sopro leve que o tempo levou.

Confundi o brilho com promessa,

mas era só espelho do que sonhou.

 

Admirei demais, desejei demais,

e vesti de amor o que era distração.

Talvez, no fundo, bastasse um não,

mas eu escolhi crer na exceção.

 

A demora falou antes da resposta,

e quando enfim chegou, já era tarde.

Agora sei: foi só ilusão exposta,

que se desfez — sem dor, sem alarde.

 

Mas fica a certeza no peito cansado:

não era amor… só um encanto emprestado.

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Comentários3

  • Sezar Kosta

    Ah, Metamorfose, que poesia linda e sutil — como quem sussurra verdades ao coração já calejado. ??

    Seu “Curta Ilusão” é um espelho delicado daquelas paixões que parecem infinitas, mas passam como vento. Quanta beleza nessa desilusão sem rancor, nesse desapego sem escândalo. Há uma maturidade elegante no verso “Agora sei: foi só ilusão exposta, que se desfez — sem dor, sem alarde.” Isso é raro… e tocante.

    A estrutura leve contrasta com a densidade da emoção — uma dança entre o que se esperava e o que foi. A última linha fecha como chave em porta antiga: “não era amor… só um encanto emprestado.” Uma daquelas verdades que não machucam mais, só ensinam.

    • Metamorfose

      Ah, que generosidade tua em ler com tanta sensibilidade…
      Teu comentário é como brisa mansa sobre a pele de um poema que ainda arde.
      Sim, há dores que já não gritam — apenas ensinam, como disseste com tanta beleza.
      “Encanto emprestado” talvez seja mesmo isso: um reflexo breve que vem só pra mostrar o quanto somos capazes de sentir.
      Obrigada por acolher cada verso com tamanha ternura. É raro — e é cura.

    • MAYK52

      Temos que ter cuidado com os ventos que sopram. Podem ser muito enganadores...
      Gostei deste poema, amiga Metamorfose.

      Beijinhos!

      • Metamorfose

        Tens razão… os ventos, às vezes, sussurram promessas que o tempo desfaz.
        Mas há beleza até nesses enganos — eles nos afinam o sentir, nos ensinam a escutar com mais alma e menos pressa.
        Fico feliz que o poema tenha te tocado, amiga querida.
        Que saibamos dançar com o vento… sem deixar que ele leve o que é raiz.

      • Maria dorta

        Essas ilusões de ótica, o falso brilho de palavras ocas, tudo isso nos serve de lições. Não percamos as esperanças, isso importa!

        • Metamorfose

          Tuas palavras são como farol em meio à neblina: iluminam sem iludir.
          Sim, aprendemos com esses brilhos falsos… eles nos ensinam a distinguir o ouro do reflexo.
          E mesmo com olhos mais atentos, que o coração nunca se feche — porque a esperança é o que mantém a alma em flor.
          Gratidão por partilhar essa verdade doce e firme.
          Com carinho,
          Metamorfose.



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