Encontrei (ou quase)

Metamorfose

— Qual seu tipo?

Me perguntam.

E eu sorrio pequeno,

como quem não sabe…

ou não quer dizer.

 

Tem uns detalhes, sim.

Uns gestos, uns silêncios que me chamam.

Mas já vi tudo isso em alguém

e não senti nada.

 

Porque meu tipo

não se veste de carne.

Não mora em aparência.

É um susto calmo no peito,

um olhar que atravessa

sem pedir licença.

 

Meu tipo é o instante

em que tudo em mim se levanta e diz:

"É ela."

"É agora."

"Encontrei."

 

Mas, num canto fundo de mim,

também ecoa —

baixo, mas firme:

"Isso é impossível."

  • Autor: Metamorfose (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 6 de maio de 2025 21:43
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 9
  • Usuários favoritos deste poema: Melancolia..., MAYK52
Comentários +

Comentários2

  • MAYK52

    Interessante este poema. É sempre muito difícil à primeira vista, definir qual é o nosso tipo de pessoa.
    Há várias caraterísticas que são importantes para nós. Mas só o tempo, o convívio, poderão ditar se aquela pessoa é ou não o nosso tipo.

    Gostei, amiga Metamorfose.

    Beijinhos

    • Metamorfose

      Sim…
      À primeira vista, tudo é superfície.
      E o que parece ser “nosso tipo”
      é só um esboço diante da alma.
      Há traços que encantam,
      mas é o tempo quem desenha a verdade.
      É no convívio —
      nas pausas, nos gestos,
      na forma como o outro habita o silêncio —
      que descobrimos se há abrigo ou só passagem.
      Algumas presenças se revelam
      como quem pousa devagar,
      e mesmo sem prometer,
      permanece.
      Obrigada pelos seu comentário valioso.

    • Melancolia...

      Que coisa linda...
      É como se você tivesse traduzido o tipo de sentimento que escapa a qualquer definição.
      Não é sobre forma, é sobre presença — aquele instante raro em que algo dentro da gente reconhece, mesmo sem entender.
      E ainda assim, esse eco do impossível... tão humano, tão real.

      • Metamorfose

        Que beleza ler isso…
        Sim, é exatamente essa a dança:
        não se trata de forma, mas de presença.
        De um reconhecimento silencioso,
        quase secreto —como se a alma se lembrasse de algo que o corpo nunca viveu.E mesmo quando esse instante é seguido pelo eco do impossível,
        ainda assim vale o toque, vertigem,a memória do que poderia ter sido.
        Obrigada por sentir junto.
        Há sentimentos que não se explicam,
        mas se espelham em quem lê com o coração.



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