Até as neves se derretem,
sei inclusive que o imperativo tempo não distrai
ser impecável nos tratos solenes:
com todo tempo de acertos e ensaios
com o sono produtivo, com o jeans desbotado,
com a mulher loira que agora amorenou
e a modernidade que não poupa a vida de ninguém,
os dentes mudaram e os raios falharam
na chuva do sertão improvável,
o gado foi salvo para depois sofrer abate
salve o bem e o mal nas mãos de Lampião,
a justiça parece perversa
para os que não dizem amém,
puro sacrifício.
E pior, que muito exercício
as datas e imprevistos
maneirar com dramas
o licor afetado não leva ao óbito
não gostar de escolhas,
mas, caso vivo ou morra,
solidão não é o maior mal que acompanha
quem dera ser feliz mais uma semana
conjugo o verbo aguardar
pois até Jesus precisou de auxílio
para salvar.
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Autor:
CORASSIS (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 5 de maio de 2025 11:41
- Comentário do autor sobre o poema: Imagem de Mark Mook por Pixabay
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 4
Comentários2
Mui belo seu poema. Seu tom crítico e levemente irônico, assim como a crueza das palavras e formas que usaste, trazem um olhar próximo da realidade brasileira.
Gostei do comentário do Lucas Guerreiro, esse tom psicodélico e ácido que você coloca na poesia me trazem a mente o Rock dos anos 80/90. Está muito interessante essa analogia. Maravilhoso!!! Beijos ao mestre.
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