Ocorre-me algo,
um vácuo infindo,
a ausência do nada,
do nunca,
do fim,
do porvir já extinto.
Fará diferença o existir,
se já não se sente o sentir?
Se a dor se cala,
a morte não se torna
mera brisa a consumir?
Penso, por vezes,
que findar é vão.
Pois já morri,
não de carne ou sangue,
mas em secreta dissolução.
Vago qual vulto,
cadáver sem hora,
com alma liberta
há eras,
esquecida e agora.
Tudo me soa inútil,
ou tão intensamente claro
que me cega.
Tudo sentido em excesso,
ou na ausência que me entrega.
Deixai-me, pois,
submergir na penumbra da ausência,
no rio da farsa e da impotência,
onde nós, os quebrados de espírito,
não vivemos… resistimos.
Mas resisto, de fato?
Ou teria, em silêncio,
já desistido há tanto,
que até o tentar me é abstrato?
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Autor:
Toldi (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 4 de maio de 2025 00:10
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 29
- Usuários favoritos deste poema: Mike Miller, Carrietta
Comentários3
Wow
Bonito seu poema. Parabéns poetisa. Bom dia.
Obrigada!
Absolute poesia! Vários versos poderiam virar citações, são perfeitas, eu sinceramente amei.
Muito obrigada! Fico feliz que aprecie
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