Ela e o Medo de Nadar

Metamorfose

Tenho medo de nadar.

Do frio que sobe pelas pernas,

do fundo que não vejo,

de não saber voltar.

 

Tenho medo de entrar —

em mim, nela,

no risco de ser vista com outros olhos,

de parecer querer

o que talvez nem sei…

mas sinto.

 

Assusta o afundar.

O mergulho no desconhecido,

o silêncio depois da mensagem,

o eco de um “oi” não respondido

ou respondido demais.

 

Assusta ser notada tentando,

frágil demais para esconder

que talvez eu só queira…

ela.

 

E se ela for só mais uma menina bonita e gentil

que confundi com algo além?

E se eu estiver me afogando

num mar que é só meu?

 

Talvez seja isso:

estou na margem,

presa entre dois abismos —

o das águas

e o das palavras.

 

Mas eu quero, no fundo,

flutuar.

 

Quero coragem para ir além,

para nadar sem medo,

para enviar sem tremer,

para não me perder de mim.

 

E que, aconteça o que for,

ela more em mim

não como peso,

mas como luz.

Como a luz que dança sobre a água

quando o medo começa a passar.

  • Autor: Metamorfose (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 3 de maio de 2025 16:57
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 5
  • Usuários favoritos deste poema: MAYK52
Comentários +

Comentários1

  • MAYK52

    O amor é mesmo assim. Por vezes nadamos sem pé, sem termos a noção das consequências.
    Depois, claro, temos receio de voltar a nadar, temendo claro, voltar a perder o pé.

    Gostei muito deste belo poema.

    Beijinhos.

    • Metamorfose

      Fico tão feliz por saber que sentiste o poema dessa forma…
      O amor, de fato, nos leva a mergulhos profundos — às vezes sem chão, às vezes sem ar.
      Mas há beleza até no medo de voltar a nadar… ele nos lembra que sentimos, que vivemos.
      Obrigada pelo carinho e pelas palavras doces.



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