Do papel ao peito

Metamorfose

Sigo ansiosa, coração em vigília,

como quem espera o verão depois da última flor.

Te escrevi em madrugadas e silêncios,

em papéis que o tempo quase levou.

 

Desenhei teu sorriso em cada estrofe,

pintei tua ausência com tinta de saudade.

Cada poema, um passo na direção do invisível —

um sussurro meu, buscando tua verdade.

 

E agora, num instante bordado de calma,

quando a esperança já parecia dormida,

te encontro.

Como quem reconhece um trecho da própria alma

no meio de outra vida.

 

Depois de te escrever em tantos poemas,

finalmente te encontrei.

E cada verso perdido faz sentido,

desde que te achei.

 

Te vi — e era como se o tempo, distraído,

tivesse parado só pra nós duas.

Te ouvi — e tua voz era o eco antigo

das canções que eu inventava depois.

 

Depois do depois, te tornaste agora,

morada mansa da minha espera.

Não és só sonho, és aurora:

chegaste no fim da quimera.

 

E eu, que bordava teus traços no vento,

agora desenho com os dedos tua pele.

És poema, presença, alento,

és a calma onde a alma se revele.

  • Autor: Metamorfose (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 1 de maio de 2025 20:24
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 10
  • Usuários favoritos deste poema: Metamorfose, MAYK52
Comentários +

Comentários1

  • MAYK52

    Poema sublime! Onde o lirismo percorre suavemente em cada verso.

    Gostei bastante.

    Parabéns, Metamorfose!

    Abraço.

    • Metamorfose

      Ah, que comentário lindo…
      Fico muito feliz que o poema tenha te tocado assim.
      Ele foi escrito com o coração aberto, e saber que chegou até você com tanta delicadeza me emociona.
      Obrigada por ler com tanta sensibilidade.
      Um abraço cheio de poesia!



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