Aconteceu de novo.
O ciclo retorna, sereno e cruel,
como maré que não sabe parar no papel.
Tenho vergonha de tentar,
vergonha maior de largar.
Dizem: “Desistir é fraqueza”
mas seguir só espalha os cacos na mesa.
Minha mente ferve,
caldeirão sem freio,
ferindo até sua borda no meio.
Sou sempre opção,
nunca eleita.
Sempre o clique,
nunca a receita.
Sou o artista,
nunca a musa.
Sempre o esforço,
mas nunca o bastante.
É como engolir um porco-espinho,
que cresce e se agita no meu caminho,
rasgando meu peito
de dentro pra fora,
sem jeito.
“Cale a boca, consciência.”
Mas cedo ou tarde me rendo,
aos sussurros frios que vem me vencendo.
Sei demais da dor contida,
de olhos cheios,
mas lágrimas retraídas.
Entro em guerra comigo,
e caio.
A fome se vai,
os fios também.
E a gente sabe bem o que isso contém.
-
Autor:
Told (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 1 de maio de 2025 13:43
- Categoria: Triste
- Visualizações: 14
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.