Havia luar nas tuas mãos,
havia verão nos teus olhos,
havia promessas em cada esquina do tempo—
a memória é um rio,
onde mergulho para buscar tua voz,
onde a água é perfume,
e tua risada, o rumor de folhas ao vento.
Ainda pulsa em mim, mesmo longe, teu nome.
Os dias eram pássaros pousados nos fios do agora,
teu corpo era abrigo,
meu peito, um jardim recém-desperto.
O mundo tinha cor de sol nas manhãs,
tua presença era pão quente,
era lençol limpo,
era o silêncio preenchido de sentido.
Ainda pulsa em mim, mesmo longe, teu nome.
Agora, o tempo é uma casa vazia,
as paredes ecoam tua ausência,
e a distância é um animal faminto
que rói meus pensamentos.
O cheiro do café,
o frio do quarto às três da manhã,
tudo me fala de ti—
as tuas mãos,
ausentes,
ainda esquentam as lembranças.
Ainda pulsa em mim, mesmo longe, teu nome.
Repito tua ausência como um mantra,
bebo tua falta em cada copo d’água,
e o travesseiro, cúmplice do meu pranto,
guarda a forma do teu rosto impossível.
A noite é uma carta não enviada,
um poema sem destinatário,
mas escrevo, ainda,
na esperança de que o vento te leve
meu sussurro.
Ainda pulsa em mim, mesmo longe, teu nome.
O amanhã é um campo nublado,
não sei se haverá reencontro,
se o destino, cansado de brincar,
devolverá teus passos ao meu caminho.
Mas carrego uma semente de sol no bolso,
um fio de esperança costurado ao peito—
talvez um dia,
em outra estação,
nossos olhares se cruzem
como dois rios que se reconhecem.
E mesmo que o tempo insista
em apagar teus traços,
haverá sempre um lugar
no fundo do peito,
onde tua presença arde,
onde tua ausência floresce.
Ainda pulsa em mim, mesmo longe, teu nome.
-
Autor:
Sezar Kosta (
Offline)
- Publicado: 30 de abril de 2025 16:06
- Comentário do autor sobre o poema: Sabe aqueles dias em que o silêncio fala mais alto que qualquer música? Foi num desses momentos que esse poema nasceu. Não que eu tenha saído por aí caçando ausências, mas parece que elas me encontraram primeiro. O texto foi vindo como quem assovia uma lembrança, dessas que a gente tenta esquecer mas o coração insiste em lembrar com todos os sentidos. Cada verso é um pedaço de um tempo que ainda pulsa, mesmo longe. E agora, te convido a entrar nessa memória comigo. Me conta nos comentários: o que esse poema te fez sentir?
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 9
- Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta, Melancolia...
Comentários1
Cara… que coisa mais linda e profunda. De verdade, fiquei sem palavras por alguns minutos depois de ler.
Você colocou em versos uma dor que muita gente sente, mas poucos conseguem expressar desse jeito — com tanta delicadeza, com tanta alma.
É triste, sim, mas também é bonito ver como o amor continua, mesmo na ausência… como a memória vira abrigo e, de certo modo, ainda é presença.
Obrigado por compartilhar isso. Me tocou de um jeito que nem sei explicar direito.
Tamo junto, sempre que precisar.
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