Bem-vindo ao campo de batalha,
onde os gladiadores vestem camisas sociais,
armados de canetas sem tinta
e sorrisos protocolares.
Aqui não há leões, só reuniões
que devoram horas e almas,
PowerPoints que prometem o futuro
mas entregam só insônia.
"Seja proativo", diz o e-mail motivacional,
enquanto o chefe coleciona prazos
como troféus de guerra perdida.
"Pensar fora da caixa" é o mantra,
mas a caixa é o cubículo
e você está preso dentro dela,
com direito a um calendário de mesa
e um post-it amassado que diz: "Respire."
A máquina de café é a fonte da vida,
um oráculo que nunca mente:
o expresso é amargo como a última reunião,
o cappuccino doce demais para ser verdade.
E o café com leite?
Esse, meu caro, é o meio-termo
onde todos fingem estar felizes.
Há batalhas sutis no open space:
o ar-condicionado polar que congela sonhos,
a disputa silenciosa pela última fatia de bolo
na festa de aniversário do colega que ninguém conhece.
E a guerra de e-mails?
Ah, essa é épica:
"Conforme discutido anteriormente"
é a espada mais afiada,
"Em anexo, segue novamente"
é o escudo que protege a dignidade.
Mas o ápice do teatro corporativo
é o discurso do "time":
"Somos uma família", proclamam,
enquanto terceirizam os primos.
"Juntos somos mais fortes", dizem,
mas no happy hour ninguém te chama
e o brinde é só para os cargos de cima.
E ainda assim, resistimos.
Porque há beleza nas pequenas revoltas:
o "não lido" no e-mail do chefe,
o cochilo estratégico na call sem câmera,
o riso abafado ao perceber que a vida
é só um grande brainstorming mal planejado.
E no fim do expediente,
quando o sol se põe lá fora
e você encara o reflexo na tela desligada,
vem a pergunta inevitável:
"Isso é tudo o que sou?"
Mas então, num lampejo irônico,
lembra que, como aquele clipe esquecido na gaveta,
você também é flexível.
E, quem sabe,
um dia vai voar.
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Autor:
Sezar Kosta (
Offline)
- Publicado: 29 de abril de 2025 22:49
- Comentário do autor sobre o poema: Sabe aquele momento no escritório que parece que o café virou combustível e o e-mail é uma daquelas plantações que nunca acabam? Pois é, “Um Dia no Escritório” nasceu justamente desse caos camuflado de rotina — onde a resiliência vira quase um superpoder e salvar arquivos é quase um ritual sagrado. Quis brincar com essa dança maluca entre o stress e a busca por um pouco de paz no meio da tempestade de planilhas e prazos. Agora me conta: essa história ressoou com você? Deixe aqui seu comentário, vou adorar saber o que esse manualzinho despertou aí do seu lado!
- Categoria: Não classificado
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