Sob o Véu do Século

Rychard Gabriel

Na era dos dados frios e toques vazios,
Um vulto caminha entre os fios —
Não precisa de arma, só de um olhar,
E a sociedade se curva sem notar.

Ele não grita, não fere com mãos,
Mas planta dúvidas nos corações.
“Quem é você, senão um espelho partido?”
Sussurra ao vazio, de modo contido.

Johan renasce nas telas azuis,
Nos algoritmos que nunca dormem.
Cada like, um passo em falso;
Cada post, uma queda do alto.

"O monstro não está em mim", ele diz,
"Está no desejo que você finge que não quis."
E os sorrisos plastificados de um feed feliz
Escondem a podridão de um mundo aprendiz.

A moral? Um jogo. A ética? Um véu.
A verdade? Tão relativa quanto o céu.
Ele ri da fé cega na humanidade,
Pois viu o abismo da identidade.

Hoje, não precisa derrubar regimes,
Basta vender sonhos com algorritmos.
E enquanto você busca sentido na dor,
Ele te observa — como um espectador.

  • Autor: R.G (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 29 de abril de 2025 18:39
  • Comentário do autor sobre o poema: Este poema é uma reflexão sombria sobre como os ideais de Johan Liebert — a manipulação silenciosa, o niilismo envolto em elegância, e o questionamento profundo sobre a natureza humana — se encaixariam perfeitamente no mundo moderno. O que mais me inquieta é perceber que, hoje, não é preciso uma presença física para se causar destruição emocional ou existencial. Basta uma palavra, um clique, uma ausência no momento certo. Johan, nesse contexto, é quase um símbolo da era digital: um ser que entende que o colapso humano não vem de explosões, mas da erosão da identidade. Escrevê-lo foi como colocar um espelho diante de um mundo que se mascara com filtros, mas está cada vez mais vazio por dentro. Johan talvez apenas tirasse o véu — e deixasse que víssemos a nós mesmos.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 5
  • Usuários favoritos deste poema: Melancolia...


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