Rychard Gabriel

Sob o Véu do Século

Na era dos dados frios e toques vazios,
Um vulto caminha entre os fios —
Não precisa de arma, só de um olhar,
E a sociedade se curva sem notar.

Ele não grita, não fere com mãos,
Mas planta dúvidas nos corações.
“Quem é você, senão um espelho partido?”
Sussurra ao vazio, de modo contido.

Johan renasce nas telas azuis,
Nos algoritmos que nunca dormem.
Cada like, um passo em falso;
Cada post, uma queda do alto.

\"O monstro não está em mim\", ele diz,
\"Está no desejo que você finge que não quis.\"
E os sorrisos plastificados de um feed feliz
Escondem a podridão de um mundo aprendiz.

A moral? Um jogo. A ética? Um véu.
A verdade? Tão relativa quanto o céu.
Ele ri da fé cega na humanidade,
Pois viu o abismo da identidade.

Hoje, não precisa derrubar regimes,
Basta vender sonhos com algorritmos.
E enquanto você busca sentido na dor,
Ele te observa — como um espectador.