Te invento em tardes lentas, distraídas,
nos intervalos entre o céu e um verso,
no silêncio que mora entre as linhas
e no calor de um sol que já não peço.
Não sei teu nome, nem teu rosto exato,
mas te sonho como quem já te viveu.
És o perfume breve de um retrato
que o tempo guarda — e nunca se perdeu.
Falo contigo no meu pensamento,
escrevo cartas pra um destino incerto.
E deixo espaço ao lado do momento
pra quando, enfim, me fores perto.
Te espero sem pressa, nem promessa,
como quem sente — e não questiona —
que há amores que nascem na ausência
e florescem mesmo sem pessoa.
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Autor:
Metamorfose (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 24 de abril de 2025 20:17
- Categoria: Amor
- Visualizações: 15
- Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta
Comentários1
"Conversa comigo a pedra, a rã, o vento —
escrevo bilhetes para as formigas
e deixo espaço no chão do quintal
para quando teus pés de ausência chegarem.
Te espero sem relógio, sem semântica —
como quem planta semente no invisível
e aceita, com alegria de menino,
que há amores que florescem sem pessoa."
{Sezar Kosta}
Ahh, Metamorfose...
Teu poema é uma janela aberta num fim de tarde calmo, onde o vento sopra memórias de algo que ainda não aconteceu — e mesmo assim, já mora fundo no peito. Que coisa mais bonita essa tua forma de sonhar alguém sem nome, sem rosto, mas tão presente nas entrelinhas do sentir...
É curioso como consegues fazer da ausência um terreno fértil.
Tua espera não é ansiedade, é ternura.
É como se o amor nascesse ali, nos espaços vazios, nos gestos que ainda não se deram, mas já se reconhecem.
Esse trecho — "há amores que nascem na ausência / e florescem mesmo sem pessoa" — me tocou de um jeito especial... porque há sentimentos que só existem com essa leveza de sonho, e tu soubeste traduzi-los com elegância e doçura.
Parabéns, poeta.
Tua poesia é presença — mesmo quando fala de ausência.
Te ler foi como ver meu poema ganhando um espelho — não de imagem, mas de alma.
Tu captaste exatamente o que mora nas entrelinhas do que escrevi: essa ternura sem exigência, essa espera sem peso, essa vontade bonita de amar, mesmo sem forma definida.
Teu olhar generoso fez meu texto florescer mais um pouco.
Obrigada por entender que há amores que não precisam de presença física para existir, apenas de espaço dentro da gente.
Tua leitura foi um abraço silencioso no que ainda é sonho em mim.
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