Diuturnamente
sentava-se à frente
do gigante envernizado
de dentes ebúrneos
pincelados de preto.
Sentava-se
e de seus dedos hábeis
soltavam-se as mais belas
melodias.
Tocava com a alma,
sentia prazerosamente a música dominá-lo
e se perdia entre os ritmos,
os sons.
Às vezes era meia noite,
Às vezes era meio dia,
Às vezes estava acompanhado
de amigos, de mulheres...
Às vezes estava só.
Mas sempre tocava
e assim era feliz!
Um dia o encontraram
duro, gelado,
com o rosto sobre as teclas.
Os amigos choraram,
As mulheres choraram,
e mais alguém da vizinhança,
do piano-bar,
da boêmia,
sentiu saudades daquela alma de artista.
Na solidão da sala
o piano calou-se;
até que numa noite
em que todos saíram,
foram para os bares,
uma noite em que as ruas sorriam
depois da meia noite,
ouviu-se uma música
por toda a cidade
enquanto os brancos dentes do piano
movimentavam-se
como num sorriso largo
a um saudoso amigo.
-
Autor:
eduardo cabette (
Offline)
- Publicado: 23 de abril de 2025 19:27
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 2
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.