Mais e repetidas

Isis P. Told

E mais uma vez estou presa em você
Minhas mãos, acorrentadas, amarradas,
Se tenho a chave, ora bolas,
Por que continuo imóvel, a mesma trama?

Minhas mãos fixadas, inertes,
Mas o sussurro da solução insiste.
Por que então permaneço caída?
Por que não corto a corda que me prende à vida?

Eu tento, mas tudo parece em vão.
Será o mundo que me retém?
Ou sou eu, meu próprio algoz,
Que cala a voz e detém?

O estômago revira, a angústia grita,
Minha própria mão tapa a boca aflita.
As palavras se afogam, engasgadas,
Você deveria partir, alma pesada.

Deixe-me sozinha, mais uma vez,
Para que eu te culpe, e enfim me desfaça
Do peso que me paralisa e ameaça.
A chave sempre está comigo, é verdade,
Você sempre a entrega, mas na realidade,
Eu sei o que acontece: a mesma eternidade.

Uma tortura sem fim, uma dança cruel,
Saia daqui, desocupe o papel.
Liberte-me da prisão que é sua memória,
Deixe-me viver, escrever outra história.

Mas não importa, é sempre igual:
Você volta, e eu retorno ao ritual.
No mesmo lugar, sem respirar,
Mais uma vez, sem me libertar.

 

  • Autor: Told (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 23 de abril de 2025 00:10
  • Comentário do autor sobre o poema: Não há faca que corte os laços invisíveis, apenas palavras, afiadas o bastante para sangrar a alma.
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 9
Comentários +

Comentários1

  • Loka

    Muito bom!!
    Parabéns.



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