Isis P. Told

Mais e repetidas

E mais uma vez estou presa em você
Minhas mãos, acorrentadas, amarradas,
Se tenho a chave, ora bolas,
Por que continuo imóvel, a mesma trama?

Minhas mãos fixadas, inertes,
Mas o sussurro da solução insiste.
Por que então permaneço caída?
Por que não corto a corda que me prende à vida?

Eu tento, mas tudo parece em vão.
Será o mundo que me retém?
Ou sou eu, meu próprio algoz,
Que cala a voz e detém?

O estômago revira, a angústia grita,
Minha própria mão tapa a boca aflita.
As palavras se afogam, engasgadas,
Você deveria partir, alma pesada.

Deixe-me sozinha, mais uma vez,
Para que eu te culpe, e enfim me desfaça
Do peso que me paralisa e ameaça.
A chave sempre está comigo, é verdade,
Você sempre a entrega, mas na realidade,
Eu sei o que acontece: a mesma eternidade.

Uma tortura sem fim, uma dança cruel,
Saia daqui, desocupe o papel.
Liberte-me da prisão que é sua memória,
Deixe-me viver, escrever outra história.

Mas não importa, é sempre igual:
Você volta, e eu retorno ao ritual.
No mesmo lugar, sem respirar,
Mais uma vez, sem me libertar.