NÔMADE CONTEMPORÂNEO

Lucca Leão

O estalante da noite 

 

Brilhosos 

 

A lua tenta se manter firme em meio ao nublado 

 

Numa caminhada terapêutica

 

Porra nenhuma 

 

Os pés falam mais que a boca 

 

São passo pesados 

 

Meu pé se afundam em poças 

 

Lágrimas ou chuvas 

 

Pouco importa 

 

Com as mãos nos bolsos 

 

Tocando o isqueiro e na caixa de cigarro 

 

É um trajeto tão antigo 

 

Nostálgico 

 

Fazia na minha adolescência febril

 

Quando achava que podia ter feitos grandiosos

 

Mas somente meu ego cresceu 

 

Nesse meio tempo 

 

Tentando proteger com uma fina penumbra 

 

De autocontrole

 

Sempre quebrando limites 

 

Uma briga que não escolhi brigar 

 

Apostando com o destino 

 

Desde antes da minha existência formada 

 

Mesmo quando eu era somente um amontoado 

 

De células troncos 

 

Sabe como são as coisas 

 

Laços sangues não são sinônimo de amor 

 

Eu não sou muito de falar sobre sentimentalismo 

 

Ou dos meus sonhos 

 

Na minha cabeça parecem tão claros 

 

Como um bom egoístas 

 

Percorrendo estradas sem rota 

 

Tentando achar um caminho 

 

Um lugar que chamo de casa 

 

Enquanto caço recompensas 

 

Algo que me faça sentir em paz outra vez 

 

Em meio a rompimentos fatais 

 

Desgraças acontecem 

 

Corações serão quebrados 

 

Heróis viram vilões 

 

Santos ficam mais podres que demônios 

 

Deus e o diabo são mesmas carnes 

 

Foda-se 

 

Tudo não passa de uma bobajada 

 

Futilidade 

 

Talvez eu seja depressivo demais para estar 

 

Em sociedade 

 

Ou realista em demasia para estar em um 

 

Hospital Psiquiátrico 

 

Dilemas entre dilemas 

 

Acho que por isso recorro as fantasias 

 

Vagas imaginações de uma existência que de alguma forma já me pertenceu 

 

Balelas 

 

O cigarro não tragado em minha boca 

 

A minha hipocrisia sempre foi sútil 

 

Eu sempre soube, mas optei por esconder 

 

Acelerando ainda mais essa nave fajuta 

 

Carcaça de um sonho que desejava 

 

Explorar o infinito 

 

Hoje tudo pode acabar igual nas outras vezes 

 

É sempre o dia limite que tudo pode se encerrar 

 

Mas nunca tem um ponto final 

 

Sempre os maldito três pontos 

 

E próxima página 

 

Provavelmente eu devesse levar isso para terapia 

 

Ou pro cemitério 

 

Mas é uma ansiedade por querer consertar o passado 

 

Às avessas

 

Sentir a pressa para voltar 

 

Nunca quis aprender com o que aconteceu 

 

Seguir em frente me irrita profundamente 

 

Era isso que eles queriam que eu admitisse 

 

Tudo bem 

 

Esse é o meu crime juntamente com minha confissão 

 

Continuo correndo mesmo olhando para trás 

 

Pensando em soluções mortas para linhas já escritas 

 

A ironia para o espírito livre daquelas besteiras de signo 

 

Foi se aprisionar aos ideias do passado 

 

Um falso revolucionário torto como uma plantação mal cuidada 

 

Sou apenas um nômade no presente 

 

Querendo voltar para o começo do livro 

 

Para a parte que tudo não era apenas uma lembrança 

 

Refazer as escolhas 

 

Apenas para perpetuar segundos 

 

Era ali que eu anseio por repousar outra noite 

 

Enfim 

 

Isso não importa tanto 

 

Eu ousei apostar com o destino 

 

Infelizmente eu sou competitivo demais para me deixar ser derrotado 

 

Aceitar as coisas como são nunca foi minha praia 

 

Por isso 

 

Essa noite vai ser diferente 

 

Vou dançar como se fosse a última 

 

Gargalhar mesmo que para isso alguém tenha que chorar 

 

Uma supernova explodindo 

 

Fazer essas malditas recompensas valerem a pena

 

Derrotar a minha própria história determinada 

 

Para que ela seja ao meu modo 

 

Linhas tão belas 

 

Quanto ao passado utópico que tanto fantasio 

 

Viajante do tempo pode ser um outro apelido 

 

Ou outro título 

 

Nessa estupidez que me dei de vida 

 

Finalmente cheguei ao recinto desejado 

 

A chuva despenca 

 

Rememoro uma frase 

 

No silêncio 

 

Bom

 

O que tiver que acontecer, 

 

Acontecerá

  • Autor: Lucca Leão (Offline Offline)
  • Publicado: 20 de abril de 2025 20:28
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 1


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