O estalante da noite
Brilhosos
A lua tenta se manter firme em meio ao nublado
Numa caminhada terapêutica
Porra nenhuma
Os pés falam mais que a boca
São passo pesados
Meu pé se afundam em poças
Lágrimas ou chuvas
Pouco importa
Com as mãos nos bolsos
Tocando o isqueiro e na caixa de cigarro
É um trajeto tão antigo
Nostálgico
Fazia na minha adolescência febril
Quando achava que podia ter feitos grandiosos
Mas somente meu ego cresceu
Nesse meio tempo
Tentando proteger com uma fina penumbra
De autocontrole
Sempre quebrando limites
Uma briga que não escolhi brigar
Apostando com o destino
Desde antes da minha existência formada
Mesmo quando eu era somente um amontoado
De células troncos
Sabe como são as coisas
Laços sangues não são sinônimo de amor
Eu não sou muito de falar sobre sentimentalismo
Ou dos meus sonhos
Na minha cabeça parecem tão claros
Como um bom egoístas
Percorrendo estradas sem rota
Tentando achar um caminho
Um lugar que chamo de casa
Enquanto caço recompensas
Algo que me faça sentir em paz outra vez
Em meio a rompimentos fatais
Desgraças acontecem
Corações serão quebrados
Heróis viram vilões
Santos ficam mais podres que demônios
Deus e o diabo são mesmas carnes
Foda-se
Tudo não passa de uma bobajada
Futilidade
Talvez eu seja depressivo demais para estar
Em sociedade
Ou realista em demasia para estar em um
Hospital Psiquiátrico
Dilemas entre dilemas
Acho que por isso recorro as fantasias
Vagas imaginações de uma existência que de alguma forma já me pertenceu
Balelas
O cigarro não tragado em minha boca
A minha hipocrisia sempre foi sútil
Eu sempre soube, mas optei por esconder
Acelerando ainda mais essa nave fajuta
Carcaça de um sonho que desejava
Explorar o infinito
Hoje tudo pode acabar igual nas outras vezes
É sempre o dia limite que tudo pode se encerrar
Mas nunca tem um ponto final
Sempre os maldito três pontos
E próxima página
Provavelmente eu devesse levar isso para terapia
Ou pro cemitério
Mas é uma ansiedade por querer consertar o passado
Às avessas
Sentir a pressa para voltar
Nunca quis aprender com o que aconteceu
Seguir em frente me irrita profundamente
Era isso que eles queriam que eu admitisse
Tudo bem
Esse é o meu crime juntamente com minha confissão
Continuo correndo mesmo olhando para trás
Pensando em soluções mortas para linhas já escritas
A ironia para o espírito livre daquelas besteiras de signo
Foi se aprisionar aos ideias do passado
Um falso revolucionário torto como uma plantação mal cuidada
Sou apenas um nômade no presente
Querendo voltar para o começo do livro
Para a parte que tudo não era apenas uma lembrança
Refazer as escolhas
Apenas para perpetuar segundos
Era ali que eu anseio por repousar outra noite
Enfim
Isso não importa tanto
Eu ousei apostar com o destino
Infelizmente eu sou competitivo demais para me deixar ser derrotado
Aceitar as coisas como são nunca foi minha praia
Por isso
Essa noite vai ser diferente
Vou dançar como se fosse a última
Gargalhar mesmo que para isso alguém tenha que chorar
Uma supernova explodindo
Fazer essas malditas recompensas valerem a pena
Derrotar a minha própria história determinada
Para que ela seja ao meu modo
Linhas tão belas
Quanto ao passado utópico que tanto fantasio
Viajante do tempo pode ser um outro apelido
Ou outro título
Nessa estupidez que me dei de vida
Finalmente cheguei ao recinto desejado
A chuva despenca
Rememoro uma frase
No silêncio
Bom
O que tiver que acontecer,
Acontecerá