A CEIA DO AMOR SINCERO

Sezar Kosta

Façamos, neste tempo de Páscoa, uma ceia diferente.
Um banquete de almas, não de pratos —
um brinde de sinceridade,
um encontro à mesa do afeto.

 

Que tal partilharmos o pão da verdade?
Não inteiro — pois a verdade, quando inteira, às vezes fere.
Vamos reparti-la em pedaços pequenos,
oferecendo a cada um que amamos
um naco doce e honesto,
desses que o coração mastiga devagar.
Será este o corpo da dádiva sincera.

 

Depois, tomemos um gole do vinho da honestidade.
Não esperem um vinho suave:
ele é seco, encorpado,
mas feito da uva nobre da coragem.
Ao sorvê-lo, sentiremos seu ardor.
Esse será o sangue que renovará nossas veias,
que nos fará viver com mais verdade.

 

E para adoçar o espírito, sirvamos a sobremesa do perdão,
com recheio de desculpas sinceras.
É um sabor raro,
que só quem ama de verdade consegue preparar —
e saborear.

 

Nesta ceia de alma,
brindemos à coragem de sermos verdadeiros,
à leveza de perdoar,
e ao milagre diário de amar com inteireza.

 

Feliz Páscoa. Que esta renovação seja eterna.

  • Autor: Sezar Kosta (Offline Offline)
  • Publicado: 19 de abril de 2025 17:59
  • Comentário do autor sobre o poema: Nesta Páscoa, olhei para o céu e não vi sinais. Não houve estrelas cadentes, nem anjos descendo entre as nuvens. Mas, ainda assim, algo mudou dentro de mim. O verdadeiro milagre não é transformar água em vinho ou multiplicar pães. É transformar rancor em perdão, solidão em presença, tristeza em amor. Há um segredo que poucos conhecem: tudo o que buscamos fora já está dentro de nós. O sagrado habita o coração que se abre, a alma que escuta, o gesto que dá sem esperar retorno. Nesta Páscoa, lembre-se: não procure o milagre em altares dourados. Ele está no toque mais simples, no silêncio mais profundo, no amor mais verdadeiro.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 10
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