Um shot de café.

Tainá Lopes

 

Um shot de café, e a alma desperta —

mas não inteira, só o que resta.

O corpo veste a farda invisível

dos que seguem firmes, mesmo implausíveis.

 

Olhos vermelhos, mas não de sono:

de esperança teimosa e abandono.

Trabalhadores da rotina crua,

que trocam sonhos por mais uma rua.

 

Durante o dia, o café é refúgio,

calmaria quente, vício e subterfúgio.

É abraço breve entre tarefas mil,

é silêncio amargo num mundo hostil.

 

Mas à noite...

À noite, trocam a xícara pelo copo.

O amargo continua, só muda o rótulo.

Bebem não pra esquecer, mas pra suportar

o peso de um dia que insiste em ficar.

 

Café e álcool: extremos que se tocam.

Um pra acordar, outro pra apagar.

E no meio, a vida — essa corda bamba

entre o cansaço que chega e o que nunca se vai.

 

Trabalhadores da cidade cinza,

carregam no peito uma brisa extinta.

E seguem, brindando ao que não tem cura,

com um shot de café...

ou um gole de amargura.

 

 

  • Autor: Tainá Lopes (Offline Offline)
  • Publicado: 14 de abril de 2025 12:57
  • Categoria: Carta
  • Visualizações: 12
Comentários +

Comentários1

  • Lume

    Nossa eu gostei muito do seu poema gostaria de escrever assim também
    Me deu até vontade de ler mais seus

    • Tainá Lopes

      Fique tranquila que o mundo nos ensina, você logo conseguirá se sobressair aos meus! Fico feliz que tenha gostado. Estarei fazendo mais para todos vocês!
      Beijos e abraços.



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