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Menino, desce daí !
Desça daí, menina !
Meu Deus , voces podem cair !
E na certa vão se machucar !
Ah, não vão descer ?
Então pra mãe de vocês vou contar !
Assim foi na minha infância
Em quantas arvores subi
Graças a Deus , nunca caí
Mas , dei trabalho a meu anjo da guarda
Que se virava, rebolava
Para me salvaguardar
O tempo passou e tudo mudou
Subir em arvores hoje
Não interessa mais aos guris
As mães agora não tem mais
Que com arvores se preocupar
Eles agora vivem trepados
Num galho chamado celular
É na sala, é no quarto
Na cozinha, no banheiro
Qualquer dia vão olha-lo
Até debaixo do chuveiro
É celular o dia inteiro !
Menino, menina ,larguem isto pra lá
Voces não estão em provas ?
Vão já pro quarto estudar !
Ai, que saudades daquele tempo
Das peladas na calçada
Da bola de gude quebrada
Por um teco da bola de bilha
Brincando de pique bandeira
Apostando corrida na vila
Correndo até se cansar
A saída era na Rua Porto Alegre
E a chegada na Grão Pará
Ai, que saudade me dá
Brincar de pêra ,uva ou maçã
Descer ladeira em carro de rolimã
Soltar pipa, rodar o pião
Joga-lo e traze-lo na mão
Sem que tocasse o chão
Eu era feliz, não sabia
E não podia, nem de longe imaginar
Que todo este glamour , acabaria trocado
Pela fria tela de um celular !
- Autor: O Aprendiz (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 8 de agosto de 2020 07:04
- Comentário do autor sobre o poema: Eis um retrato da minha infância nos anos 50 no Engenho Novo, Rio de Janeiro. Tempo bom que não volta mais !
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 24
Comentários2
O seu poema está muito bom!
Gostei muito!
Seu poema retrata também mi ha infância... Muito bom!
Ai! Que saudade me dá!
Abraço
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