O aprendiz

Ai,que saudade me dá !

Menino, desce daí !

Desça daí, menina !

Meu Deus , voces podem cair !

E na certa vão se machucar !

Ah, não vão descer ?

Então pra mãe de vocês vou contar !

Assim foi na minha infância

Em quantas arvores subi

Graças a Deus , nunca caí

Mas , dei trabalho a meu anjo da guarda

Que se virava, rebolava

Para me salvaguardar

O tempo passou e tudo mudou

Subir em arvores hoje

Não interessa mais aos guris

As mães agora não tem mais

Que com arvores se preocupar

Eles agora vivem trepados

Num galho chamado celular

É na sala, é no quarto

Na cozinha, no banheiro

Qualquer dia vão olha-lo

Até debaixo do chuveiro

É celular o dia inteiro !

Menino, menina ,larguem isto pra lá

Voces não estão em provas ?

Vão já pro quarto estudar !

Ai, que saudades daquele tempo

Das peladas na calçada

Da bola de gude quebrada

Por um teco da bola de bilha

Brincando de pique bandeira

Apostando corrida na vila

Correndo até se cansar

A saída era na Rua Porto Alegre

E a chegada na Grão Pará

Ai, que saudade me dá

Brincar de pêra ,uva ou maçã

Descer ladeira em carro de rolimã

Soltar pipa, rodar o pião

Joga-lo e traze-lo na mão

Sem que tocasse o chão

Eu era feliz, não sabia

E  não podia, nem de longe imaginar

Que todo este glamour , acabaria trocado

Pela fria  tela de um celular !