Gangrena indolor

Ultracrepidário

Os dias passam como anos.
Os anos, como dias.

Manhã chuvosa.
Mas não há tempo para amainar os olhos;
não há tempo para sentir o café;
não há tempo,
afinal, em dez minutos, ônibus.
(A gangrena devora o calcanhar)

Tarde alegre.
Mas não há tempo para azul;
não há tempo para arroz quente;
Não há tempo,
afinal, em dez minutos, fim do almoço.
(A gangrena sobe ao peito)

Noite fria.
Mas não há tempo para estrelas;
não há tempo para penumbra;
não há tempo,
afinal, em dez minutos, amanhã.
(A gangrena come a mente)

Tornou-se gangrena.

 

 

 

 

 



  • Autor: Ultracrepidário (Offline Offline)
  • Publicado: 7 de abril de 2025 15:48
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 35
  • Usuários favoritos deste poema: werner, Drica
Comentários +

Comentários1

  • Drica

    Gostei! Sombrio...........



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