Na casa, o amor é um móvel antigo,
daqueles que rangem, mas não quebram,
que suportam o peso dos dias,
e escondem bilhetes no fundo das gavetas.
Na segunda-feira, o abraço amassa o cansaço.
Há um pão sobre a mesa
e o relógio nos separa—
mas algo nos junta, invisível,
como um fio que o tempo não corta.
Na quarta, as meias sujas no chão
são metáforas toscas,
mas também um poema:
"Estou aqui, sou humano, erro,
e você me aceita."
Na sexta, o café tem gosto de promessa.
Há risos que escapam da xícara,
e o silêncio é tão cúmplice quanto as palavras.
O amor, esse operário discreto,
ergue a ponte entre duas solidões
e ri das pedras no caminho.
O amor cotidiano não grita,
não explode.
Ele apenas respira,
e isso já basta.
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Autor:
Sezar Kosta (
Offline)
- Publicado: 26 de março de 2025 12:47
- Comentário do autor sobre o poema: Ah, o poema... Ele nasceu de um pedacinho do cotidiano, desses que a gente quase não vê, mas sente. O Amor Cotidiano é aquele tipo de amor que mora nos detalhes: no abraço que alisa o cansaço, no café que, mesmo sem dizer, promete o amanhã. Foi no simples do dia a dia que encontrei os versos. Não, não foi uma grande aventura ou um romance de filme; foi o amor que mora na gente, invisível, mas presente. Quem diria que as meias sujas poderiam ser poesia, não é? Vou adorar saber o que você achou. Deixe seu comentário aí, vai ser um prazer trocar ideias!
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 17
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Comentários2
O Amor não se constrói de uma única vez, é um tijolinho por dia, quando existe afinidade tudo suporta e vira incondicional e uma coisa compensa a outra. Boa tarde poeta.
Você juntou pedaços do quotidiano,com arte e muita sabedoria. Fez do frugal, uma refeição rica que nos mata a fome poética. Parabéns!
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