CARTA ABERTA

Isabella Vitória

Querida, eu 


A gravidade faz meus dedos colidirem com os papéis,
Como se essa fosse a última coisa a se dizer:
O meu amor pela escrita é mortal...
Eu não daria a vida por um verso,
Um verso é quem daria vida a mim.  

Ser um escritor é coisa de gente grande,
Pra quem não encontra silêncio na imaginação.
Meus versos são retalhados,
Escondem mais segredos do que os revelam
E as vezes nem vírgula tem.

Um dia, talvez,
Eu seja como as pessoas grandes:
Com rótulos e rimas,
Com preços e capas.

Mas agora quero escrever como uma eterna criança.
Quero a graça de quem me lê porque se sente em casa,
Que na bagunça consegue se arrumar
E que os meus versos, escritos com as batidas do coração,
Também possam tocar versos, lidos apenas com o soar da voz.  
  • Autor: 333 (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 13 de março de 2025 15:06
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 42
  • Usuários favoritos deste poema: Melancolia..., SADE, Pacificador, JT.
Comentários +

Comentários3

  • Lucas Guerreiro

    Esse sentimento de humildade acompanhado por um desejo secreto de grandiosidade, o amor pela escrita, o escrever como uma criança e o anelo de alcançar corações, tudo isso é muito lindo.

  • Melancolia...

    Ao ler seu poema, sinto como se estivesse entrando em um espaço íntimo, onde a escrita se torna quase uma necessidade vital, uma respiração.
    A gravidade dos dedos tocando o papel, como se fosse o último ato, transmite uma urgência, um desejo profundo de expressar algo que não pode ser contido.
    Você não está simplesmente escrevendo; está se entregando à escrita, e isso é algo que me toca.

    A reflexão sobre o amor pela escrita, sendo algo que "daria vida", mas que ao mesmo tempo não exige sacrifício, é uma verdade complexa e bonita.
    Fico pensando na constante busca por significado e na tensão entre ser um "escritor grande", com todo o peso e as expectativas que isso carrega, e o desejo de permanecer simples, de escrever como uma criança, sem pressões externas.

    O mais bonito é a ideia de que, no final, os versos não são apenas palavras dispostas em linhas, mas sim algo que fala diretamente ao coração de quem lê, como se ao recitar, a própria voz fosse um ponto de encontro.

    É um poema que, ao mesmo tempo que revela uma busca pessoal, convida o leitor a se perder e se encontrar junto com o autor.

    Belo poema....

  • JT.

    Obrigado pela visita, ainda não tinha lido nada de você.
    Mas me surpreendi com os seus ditos. Bravos poetisa, brinca como raciocínio.
    Meu poema passar pela sua banca.
    Nossa estou surpreso e agradecido.
    Prazer.
    JT



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