Isabella Vitória

CARTA ABERTA

Querida, eu 


A gravidade faz meus dedos colidirem com os papéis,
Como se essa fosse a última coisa a se dizer:
O meu amor pela escrita é mortal...
Eu não daria a vida por um verso,
Um verso é quem daria vida a mim.  

Ser um escritor é coisa de gente grande,
Pra quem não encontra silêncio na imaginação.
Meus versos são retalhados,
Escondem mais segredos do que os revelam
E as vezes nem vírgula tem.

Um dia, talvez,
Eu seja como as pessoas grandes:
Com rótulos e rimas,
Com preços e capas.

Mas agora quero escrever como uma eterna criança.
Quero a graça de quem me lê porque se sente em casa,
Que na bagunça consegue se arrumar
E que os meus versos, escritos com as batidas do coração,
Também possam tocar versos, lidos apenas com o soar da voz.