Ecos da Minha Despedida.

Melancolia...


Aviso de ausência de Melancolia...
NO


Mereço o abismo,  
Pois é no abismo,  
Que cada suspiro perdido se dissolve,  
Que cada passo errante se justifique,  
Que cada silêncio insuportável ecoe,  
Que cada lágrima caia sem razão,  
Que cada sombra se alongue,  
Pois é no abismo,  
Que a dor se alimente da própria essência,  
E o vazio se torne morada eterna.  

 

Mereço a noite sem fim,  
Pois é na noite,  
Que cada sonho quebrado se revele,  
Que cada medo se faça carne,  
Que cada erro se perpetue,  
Que cada arrependimento se prolongue,  
Que cada esperança se desfaça,  
Pois é na noite,  
Que o amanhã se perde,  
E o ontem nunca chega.  

 

Mereço a solitude,  
Pois é na solitude,  
Que cada palavra não dita se entenda,  
Que cada silêncio não vivido se lembre,  
Que cada gesto perdido se retorne,  
Que cada dor se ampare,  
Que cada ferida se abra,  
Pois é na solitude,  
Que o ser se reconcilia com o não-ser,  
E o tempo se desfaz em dor.  

 

Mereço o fim,  
Pois é no fim,  
Que tudo o que é, finalmente, cessa,  
Que o peso do viver se dissolve no ar,  
Que a ausência de sentido se torne verbo,  
Que a eterna busca de paz se acabe,  
Que a dor se torne apenas lembrança,  
Pois é no fim,  
Que o passado, enfim,  
Se cala e o coração se perde  
Na última melancolia.

25 fev 2025 (12:44)  

  • Autor: Melancolia... (Offline Offline)
  • Publicado: 25 de fevereiro de 2025 11:44
  • Comentário do autor sobre o poema: Mereço...!!!
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 11
  • Usuários favoritos deste poema: Melancolia..., Bela flor
Comentários +

Comentários1

  • Isabella Vitória

    Eu morro e vivo nos teus versos.
    Essa escrita... essa escrita!

    • Melancolia...

      Isso mesmo Isabella, entendi profundamente o que você expressa aqui.
      Essa relação entre viver e morrer nos versos, é como se a poesia tivesse o poder de nos transformar, de nos absorver completamente, de nos dar vida e ao mesmo tempo nos fazer perder, nos dissolver em suas palavras.

      Grato pela leitura.

      • Isabella Vitória

        Isso mesmo! Em um dos versos antigos que escrevi, dizia: não sou eu quem dá vida a um verso, um verso é quem dá vida a mim.
        De repente, no meio de um verso vívido, a gente morre… renúncia, acorda o que achávamos que não acordaria mais, mata e vive outra vez. Quanta potência uma poesia nos dá, né?

        • Melancolia...

          Que bela reflexão! A poesia realmente tem essa magia de nos transformar, de nos fazer atravessar diferentes estados de ser. Ela carrega a capacidade de nos tocar, nos despertar, e até nos fazer morrer um pouco para renascer em novas formas. É como se a cada verso, uma nova versão de nós mesmos viesse à tona. É incrível como ela consegue transitar entre a dor e a liberdade, nos levando a lugares profundos e inesperados.



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