O AMOR QUE SE FAZ SILÊNCIO

Sezar Kosta

No início, eu o via como um grito,

uma tempestade que nos arrasta,

um redemoinho que se desfaz em dor,

nos lançando contra as pedras

onde confundimos vertigem com voo.

Era um trovão,

o vento desarrumando as horas,

o pânico da chegada.

 

Mas hoje sei: o amor não apressa.

Ele caminha com os passos suaves,

como quem volta à casa

sem pressa de perder o pôr do sol.

É o calor do chá em mãos cansadas,

o som abafado do mundo

só encontrado em um abraço.

 

É no que não se diz:

na mão que encontra a outra,

como um suspiro sem palavra.

O amor mora na pausa

entre o que dizemos,

no jeito que o olhar fala

quando os lábios se calam.

 

Não precisa de grandes gestos

para ser lembrado.

É o peso do sofá ao fim do dia,

quando o silêncio não pesa,

mas acolhe.

É a toalha esquecida,

o café que se esfria,

esperando o fim da tarde.

 

O amor também é espinho,

o corte que surge sem aviso,

o erro que nos ensina a perdoar.

Não é um caminho reto,

mas uma estrada que tropeça,

que nos ensina paciência

e nos lembra: amar é ficar,

mesmo quando partir parece fácil.

 

Ele não é frenesi nem fogo

que consome,

mas raiz que se crava no solo,

esperando a estação certa para florescer.

É a mão que guia,

o farol que brilha na neblina,

calmo, constante.

 

E quando aprendemos a vê-lo,

o amor não é só emoção,

mas o solo firme onde existimos,

sem máscara, sem medo.

Não é o sofá em que descansamos.

É o chão que nos sustenta,

o teto que nos protege,

o silêncio que abraça.

 

No fim, o amor não é frenético.

Ele é a calmaria depois da tormenta,

o instante em que respiramos

e sabemos que, finalmente,

somos.

  • Autor: Sezar Kosta (Offline Offline)
  • Publicado: 23 de fevereiro de 2025 13:08
  • Comentário do autor sobre o poema: Às vezes, o amor chega com tanta força, como um redemoinho, e parece que só nos restam as pedras do caminho e um pouco de vertigem. Mas, com o tempo, aprendi que o amor não corre. Ele é silencioso, é a calma depois da tempestade, o abraço que fala mais que mil palavras. Foi esse aprendizado que me inspirou a escrever “O Amor que Se Faz Silêncio”. Quem sabe, no seu próprio silêncio, você também consiga ouvir a suavidade do amor? Deixe um comentário com suas impressões! Vou adorar saber o que você sentiu.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 9
  • Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta
Comentários +

Comentários1

  • Sergio Neves

    SERGIO NEVES - ...ô poeminha mais arretado, sô! (...na verdade, um baita de um poemão, "poeminha" está aqui colocado só pra soar mais bonitinho...)...,...rapaz, não sei como tu consegues destrinchar temas diversos com tanto aprofundamento e grandeza
    literária, como esse aqui ...,...não deixaste "pedra sobre pedra" com relação ao mote da inspiração...,...e com tudo ditando, substancialmente, verdades...,...colocas a questão de como um amor real verdadeiramente tende a se desenvolver e se mostrar no seu caminhar por uma vida afora..,...olha,...um poema bastante sensível e emotivo...,...e bonito! ... muito bonito! ...parabéns! /// Abçs., meu conterrâneo amigo.



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