SAUDADE DO ARVOREDO

Poeta por acaso

SAUDADE DO ARVOREDO
 
Sentiremos a saudade do cheiro de hortelãs
A vontade de banhar-se nas correntes de um rio
O pipilar do sabiá despontando as manhãs
E acampar com a família sob a sombra do resfrio
 
Do casebre pau a pique ao cercado do quintal
A cadeira de descanso e a mesa de jantar
O passeio de canoa à deslizar no pantanal
E a lacustre palafita sobre as águas balançar
 
Trafegar por uma porta implica em liberdade
Acesso ao aconchego, e aos ares de nobreza
As folhas das janelas se abrem pra saudade
No refletivo assoalho ver imagens de beleza
 
O rangido denuncia o calor do nosso abraço
Ou um papo sossegado no banco lá da praça
Na moldura o entalhe ressalta cada traço
Na humilde igrejinha o vernis frisa a vidraça
 
O machado impiedoso aos poucos vai cortar
Da arte a sensação que podia se expressar
No formão e no martelo dum projeto escultural
 
No princípio, a ganância, se pudesse imperar
Não teríamos a Arca que pudesse nos salvar
E no fim, se duvidar, nem o caixão pro funeral
                  (elfrans silva)
  • Autor: Poeta por acaso (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 11 de fevereiro de 2025 17:32
  • Comentário do autor sobre o poema: Inspirado no poema "DESMATAMENTO" do poeta Melancolia, nasceram esses meus versos. Portanto, uma homenagem à esse amigo das letras, incansável escritor, apaixonado pelas letras, como prova de amizade e admiração por seu talento. Minha estima e meu respeito, * elfrans silva
  • Categoria: Natureza
  • Visualizações: 6


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