Poeta por acaso
SAUDADE DO ARVOREDO
SAUDADE DO ARVOREDO
Sentiremos a saudade do cheiro de hortelãs
A vontade de banhar-se nas correntes de um rio
O pipilar do sabiá despontando as manhãs
E acampar com a família sob a sombra do resfrio
Do casebre pau a pique ao cercado do quintal
A cadeira de descanso e a mesa de jantar
O passeio de canoa à deslizar no pantanal
E a lacustre palafita sobre as águas balançar
Trafegar por uma porta implica em liberdade
Acesso ao aconchego, e aos ares de nobreza
As folhas das janelas se abrem pra saudade
No refletivo assoalho ver imagens de beleza
O rangido denuncia o calor do nosso abraço
Ou um papo sossegado no banco lá da praça
Na moldura o entalhe ressalta cada traço
Na humilde igrejinha o vernis frisa a vidraça
O machado impiedoso aos poucos vai cortar
Da arte a sensação que podia se expressar
No formão e no martelo dum projeto escultural
No princípio, a ganância, se pudesse imperar
Não teríamos a Arca que pudesse nos salvar
E no fim, se duvidar, nem o caixão pro funeral
(elfrans silva)