Poesia do gelo

Amadeu Roberto Garrido de Paula

O querer que desafia o frio
O amor que nasce na chuva é imortal
Embaraça-nos, circunda as matas, 
E nos faz dormir no agasalho humano

Nos sonhos perdidos como um pássaro
Voamos entre teses e antíteses
E geramos  perplexos as sínteses
No amanhecer virá um orgasmo eterno

Quando quanta
Neve cobriu campos diáfanos
O homem das neves, só e triste, 
Comprou uma mulher num lupanar

Quantos anos a alvura dos gelos
Exibiu um casal em sua leveza
Altivo num trenó vislumbrar no horizonte
Alguém do mundo que viria abraçá-lo

Logo o amor desfez-se do mistério
E do paradoxo que o martiriza
Tornou-se a natureza branca:
o aperto, a lareira, a madeira e as cores.



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