O querer que desafia o frio
O amor que nasce na chuva é imortal
Embaraça-nos, circunda as matas,
E nos faz dormir no agasalho humano
Nos sonhos perdidos como um pássaro
Voamos entre teses e antíteses
E geramos perplexos as sínteses
No amanhecer virá um orgasmo eterno
Quando quanta
Neve cobriu campos diáfanos
O homem das neves, só e triste,
Comprou uma mulher num lupanar
Quantos anos a alvura dos gelos
Exibiu um casal em sua leveza
Altivo num trenó vislumbrar no horizonte
Alguém do mundo que viria abraçá-lo
Logo o amor desfez-se do mistério
E do paradoxo que o martiriza
Tornou-se a natureza branca:
o aperto, a lareira, a madeira e as cores.