O POETA E A VIDA

Fabricio Zigante

 Cansado de chorar e de sofrer por um amor não correspondido, sem ter alegria, consolo ou a quem recorrer o triste poeta questiona a sua sina com a vida...

 

POETA

Ó vida, que é por mim indesejada!
Que me contemplou com o castigo
Que afastou de mim a donzela amada
Serás algum dia piedosa comigo?
Tu fostes com o poeta tão negra e impiedosa
Pois vivo sem amor, em ilusões perdidas
Jamais ó vida chamar-te-ei bondosa
Pelas amarguras por mim já sofridas!

 

VIDA

Recebeste este teu destino
De nunca desfrutar as flores
Vivendo tristemente em desatino
Sem nunca poder gozar de amores!

 

POETA

Minh'alma vive somente triste
Longe da dama que tanto amo
Em minh'alma a alegria não existe
Pela minha amada dama eu clamo
Que venha deste abismo me socorrer
Soprar em minha face a amorosa brisa
E alegremente para meus braços correr,
Para alma do poeta que tanto lhe precisa!

 

VIDA

Aquela dama que teu coração ama
E por quem palpita teu peito
Já sabes bem, a outro homem ela chama
E que em noite escura lhe espera no leito!
Meu conselho escute e te cala
Apague tua ainda viva lembrança
Ouça a essa única voz que te fala
Ela jamais te dará alguma esperança!

 

POETA

Ah, que tristeza eu tenho na ausência dela!
Não me reservaste a feminina alma,
Não me concedeu, ó vida, a sonhada donzela!
Ó vida, porque me roubaste a calma?
De meus olhos caem imensos mares
Viver ainda em que prazer consiste?
Amargurado vivo em tristes ares
Ó vida, por mim recebida, amarga e triste!

 

VIDA

Ó poeta por donzela vive iludido
Pensando que ela virá te amar!
Abandones de uma vez caminho perdido
E deixes para sempre de nela pensar
Jamais serás por tal amor contemplado
Também não tens motivo para sonhar
Espero ainda ver teu delírio findado
E que deixes para sempre desta dama amar!

 

POETA

Ó vida, que queres tu de mim?
Que me fiz poeta e sonhador
Porque faze-me sofrer tanto assim?
Não mereci jamais ser esse sofredor!

 

VIDA

Não és o único neste mundo a sofrer
A muitos esse infortúnio acontece
Alguns sofrerão de amor até morrer
Pois a cada um é dada a sorte que merece!
Não me julgues assim tão impiedosa
Porque ao choro te entregaste
Pois em teu caminho não segue alma bondosa
Da musa que um dia sonhaste.

 

POETA

Minh‘alma triste a cismar perdida
Acorda já ao albor da aurora
Buscando a felicidade que lhe passou batida
E as alegrias que desfrutei outrora!
Se não podes, ó vida, a donzela
Aos braços meus, do pobre poeta colocar
Queria pedir-lhe ainda aquela
Infância a muito tempo perdida
Do tempo de gozo e imensa alegria
Quero reler aquela página já lida
Quero ser aquele menino que ria!


VIDA

Teus desejos são completos delírios!
Seus pedidos são impossíveis para a vida
Jamais terás esse mar de rosas e lírios
E também algum dia página já lida!
Não busques consolo no impossível
Os teus tempos de inocente criança
O retorno, entenda, não é plausível...
Terás para sempre apenas a doce lembrança!

 

POETA

Apagaram-se as esperanças...
E no prado as flores murcharam
De tempos ditosos em lembranças
De alegria e regozijo se apagaram
Daquela robusta e vivaz infância
Aqui triste o poeta morrerá
Ao retorno não há mais ânsia
Pois o belo tempo já perdido está!

  • Autor: Fabricio Zigante (Offline Offline)
  • Publicado: 10 de fevereiro de 2025 10:30
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 5


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