DE SEGUNDO EM SEGUNDO

joaquim cesario de mello

 

De segundo em segundo

tudo aos poucos se vai

ferros ficam enferrujados

casas são demolidas

alimentos apodrecem

solas dos sapatos se desgastam

paredes acabam descascadas

roupas ficam desbotadas

filhos saem de casa

empresas pedem falência

carros se transformam em sucatas

o corpo produz menos colágeno

cerdas das escovas de dentes se estragam

o gato da vizinha não está mais lá

retratos ficam sem lembranças

e até as lembranças também acabam

 

De segundo em segundo

aos poucos a morte retorna

ao lugar que a vida antes lhe havia tomado

 

  • Autor: joaquim cesario de mello (Offline Offline)
  • Publicado: 5 de fevereiro de 2025 09:27
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 9
Comentários +

Comentários1

  • CORASSIS

    Poema verdadeiro !
    evitamos ouvir a verdade inabalável !
    Parabéns amigo.
    Abraço.

    • joaquim cesario de mello

      Mais uma vez, muito obrigado poeta, leitor e companheiro de jornada



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