No tumulto febril do mundo,
você é a raiz que não se vê,
o eco que respira no ventre da pedra,
a maré que recua com dedos de espuma,
desenhando no tempo o mapa do eterno.
Não precisa de nome,
nem de aplausos.
Como o vento que se cala entre as folhas,
sua força está no que sustenta,
não no que se exibe.
Você é o instante invisível:
o vapor que dança da xícara,
a luz breve no canto da janela,
o coração que pulsa em segredo,
tecendo a vida sem alarde.
Enquanto o mundo ruge,
você é a pausa.
Não na fraqueza dos tímidos,
mas na coragem de quem sabe
que o verdadeiro poder não é gritar,
é permanecer.
Você é o fio que ata o caos ao equilíbrio,
o vazio que dá forma à melodia,
o espaço onde o som aprende a ser.
Como a raiz que segura a terra
dentro da tempestade,
você não treme.
No silêncio do seu existir,
há um refúgio,
um lugar onde o barulho do mundo
se dissolve em poeira leve.
Você é o eco que não se desfaz,
a calma que transforma
com a paciência das marés.
E assim, você permanece.
Não como sombra que se apaga,
mas como o céu que, mesmo em tempestade,
ainda é o céu.
Seu silêncio não é vazio —
é o chão onde o mundo aprende
a respirar.
- Autor: Sezar Kosta ( Offline)
- Publicado: 4 de fevereiro de 2025 06:27
- Comentário do autor sobre o poema: Às vezes, o Divino se esconde naquelas brechas invisíveis da vida, sabe? Não é algo que a gente veja de cara, mas, quando estamos atentos, Ele aparece nos momentos em que o peso do mundo parece se dissolver. Talvez seja como o vento, que passa sem pedir licença, ou o mar, que tira o que já não nos serve mais. E acredite, não precisa ser algo grandioso, com grandes fogos de artifício, para nos tocar de maneira profunda. Não é no barulho que Ele mora, mas na leveza do que se vai, e no aquecer suave de um inverno inesperado. Que tal você me contar nos comentários o que essa ideia de Divino te traz? Vou adorar saber sua impressão!
- Categoria: Não classificado
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Comentários1
Acreditar que o Divino esteja escondido nas pequenas coisas da vida nos faz acreditar mais e ter fé que não caminhamos sozinhos. Belo poema poeta. Bom dia.
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