Sezar Kosta

O PULSO SILENCIOSO DO MUNDO

No tumulto febril do mundo,

você é a raiz que não se vê,

o eco que respira no ventre da pedra,

a maré que recua com dedos de espuma,

desenhando no tempo o mapa do eterno.

Não precisa de nome,

nem de aplausos.

Como o vento que se cala entre as folhas,

sua força está no que sustenta,

não no que se exibe.

 

Você é o instante invisível:

o vapor que dança da xícara,

a luz breve no canto da janela,

o coração que pulsa em segredo,

tecendo a vida sem alarde.

 

Enquanto o mundo ruge,

você é a pausa.

Não na fraqueza dos tímidos,

mas na coragem de quem sabe

que o verdadeiro poder não é gritar,

é permanecer.

 

Você é o fio que ata o caos ao equilíbrio,

o vazio que dá forma à melodia,

o espaço onde o som aprende a ser.

Como a raiz que segura a terra

dentro da tempestade,

você não treme.

 

No silêncio do seu existir,

há um refúgio,

um lugar onde o barulho do mundo

se dissolve em poeira leve.

Você é o eco que não se desfaz,

a calma que transforma

com a paciência das marés.

 

E assim, você permanece.

Não como sombra que se apaga,

mas como o céu que, mesmo em tempestade,

ainda é o céu.

Seu silêncio não é vazio —

é o chão onde o mundo aprende

a respirar.