No tumulto febril do mundo,
você é a raiz que não se vê,
o eco que respira no ventre da pedra,
a maré que recua com dedos de espuma,
desenhando no tempo o mapa do eterno.
Não precisa de nome,
nem de aplausos.
Como o vento que se cala entre as folhas,
sua força está no que sustenta,
não no que se exibe.
Você é o instante invisível:
o vapor que dança da xícara,
a luz breve no canto da janela,
o coração que pulsa em segredo,
tecendo a vida sem alarde.
Enquanto o mundo ruge,
você é a pausa.
Não na fraqueza dos tímidos,
mas na coragem de quem sabe
que o verdadeiro poder não é gritar,
é permanecer.
Você é o fio que ata o caos ao equilíbrio,
o vazio que dá forma à melodia,
o espaço onde o som aprende a ser.
Como a raiz que segura a terra
dentro da tempestade,
você não treme.
No silêncio do seu existir,
há um refúgio,
um lugar onde o barulho do mundo
se dissolve em poeira leve.
Você é o eco que não se desfaz,
a calma que transforma
com a paciência das marés.
E assim, você permanece.
Não como sombra que se apaga,
mas como o céu que, mesmo em tempestade,
ainda é o céu.
Seu silêncio não é vazio —
é o chão onde o mundo aprende
a respirar.