Dizem que o primeiro amor nunca se esquece.
Estou convencida de que quando amamos alguém, tudo o que vive com essa pessoa fica oculto em nossos pensamentos e, em algum momento, emerge na lembrança.
Acredito que às vezes decidimos não lembrar, para não correr o risco de sofrer e nos perder....
Primeiro dia de aula, na sala de aula a professora Maria Célia dava aula de AEIOU e eu só conseguia olhar para o menino de blusa azul, de
olhos pretos do tamanho de uma linda jabuticaba.
Cabelo preto e liso, um sorriso bonito e encantador.
Ela não se recriou e ficou ali deslumbrada com sua beleza, a qual ela nem queria tocar.
Era a última a entrar, apenas para passar por ele e sorrir.
No final da aula não consegui copiar tudo porque meus olhos estavam fixos na direção dele.
Ele emprestou seu caderno para eu copiar, só para ter um pouco dele comigo, porque sua caligrafia era difícil de decifrar.
Ele era gentil e afetuoso, um aluno exemplar.
Nos feriados eu sentia frio e chorava porque não nos víamos por muito tempo, era bairros distantes.
Andei pelo bairro e descobri a casa dele, ficava em frente a uma praça,
passei na frente só para vê-lo.
Eu queria beber e pedir um copo de água, mas fiquei envergonhada.
Como explicar o que eu estava fazendo ali?
Era um amor puro, sem malícia e infantil.
Já faziam 4 anos cultivando esse amor em segredo.
No quinto ano essa lista me levou para o mesmo quarto em que não ficamos.
O que seria de mim se eu não pudesse ver seu sorriso durante a aula?
Eu era uma garota boba e inocente que nunca pensou em se apaixonar, eu só queria estar ao seu lado.
Não é só isso que mudaria, agora são 5 professores e não tenho tempo para me arrepender.
Quando meus pensamentos se perderam lembrando de nossas conversas, o sinal já estava batendo na porta de outro professor.
A este novo mundo sem a sua presença tenho que me adaptar.
Sem perceber o amor silenciosamente foi diminuindo.
Olhei por ele e ele não era mais tão charmoso, seu sorriso não era mais mágico e suas palavras não eram mais música para meus ouvidos.
Ele era apenas um colega de escola com quem gostávamos de conversar.
Eu não o procurava mais com tanta frequência e ele me perguntou o que estava acontecendo.
Ele respondeu que tinha muitos colegas com dificuldades em matemática e que continuaria a ajudá-los nesse meio tempo.
Ele também poderia me ajudar, mas não tem paciência para ensinar.
A distância foi aumentando e aquele amor infantil não existia mais.
Por quase 5 anos fui feliz por estar ao lado de alguém sem querer nada em troca.
Só a presença dela e tudo o que vinha com ela era o suficiente para que eu ficasse linda e feliz como nos contos de fadas.
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Autor:
Mara (
Offline)
- Publicado: 31 de janeiro de 2025 10:58
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 6
Comentários1
SERGIO NEVES - ...minha amiga...,...ao do final do texto resumiste bem...,...um "conto de fadas"! ...e que conto contaste aqui! ...a história em si já se basta enquanto um enredo "juvenilmente mágico"...,...mas, tu elevou-a a um patamar de grandeza maior pela maestria havida nessa tua literatura...,...a leitura flui de uma forma que satisfaz por demais (pelo menos eu assim senti)...,...conseguiste transmitir com enormes competência e sensibilidade essa tua nostálgica lembrança...,...o escrito todo, em sua forma e conteúdo, ficou ótimo! /// Meu carinho, menina.
Obrigada pelas palavras gentis
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