O tempo tocou sua pele,
como um pintor que sabe onde deve pousar o pincel,
acariciando a pétala mais delicada
de uma flor que, mesmo frágil,
aprendeu a florescer sob a tempestade.
Antes, sua juventude era um sopro,
uma brisa leve que dançava entre os dedos,
uma risada que fazia eco nas ruas do mundo,
um perfume sem dono.
Agora, a brisa deu lugar ao vento maduro,
que carrega consigo histórias,
e deixa o rastro de quem já caminhou por muitos outonos.
As linhas do seu rosto,
não são rugas,
são mapas.
Trilhas que os anos marcaram,
não com pressa, mas com propósito.
E seus olhos…
Ah, seus olhos.
Eles contêm segredos de luas inteiras,
de noites que guardaram silêncios
e de manhãs que nasceram douradas,
como um mar que aprendeu a ser vasto
sem perder sua serenidade.
Eu vejo você,
não como quem perde,
mas como quem ganha camadas.
Você é como o vinho que repousa no escuro,
adquirindo suavidade,
profundidade,
e um sabor que só o tempo conhece.
Sua risada agora é mel.
Mais doce,
mais densa.
Cada marca em seu rosto é um verso,
uma prece sussurrada pelo vento.
Os anos te tornaram forte,
não como a pedra que resiste,
mas como a água que molda.
Cada dor que você carregou
se transformou em estrela,
em luz que desenha contornos no escuro.
Eu, que vi sua juventude florescer como primavera,
agora admiro o outono que você se tornou.
Calmo, dourado,
como se o tempo fosse um pintor sábio
que soube onde colocar sua assinatura final.
E quando suas mãos tocam as minhas,
não carrego o peso dos anos,
mas o peso doce das manhãs que vivemos,
das histórias que escrevemos juntos.
Eu te amo, não pelo que o tempo levou,
mas pelo que ele deixou:
um ser mais profundo,
mais vivo,
mais completo.
O tempo não rouba nada.
Ele apenas te fez inteira,
como a lua que, cheia de mistérios,
segue silenciosa,
em direção ao amanhecer.
- Autor: Sezar Kosta ( Offline)
- Publicado: 13 de janeiro de 2025 15:21
- Comentário do autor sobre o poema: Sabe quando o tempo, esse artista silencioso, resolve tirar um pincel do bolso e brincar de Van Gogh em nossas vidas? Foi exatamente essa imagem que me veio à mente ao escrever "O Tempo, Pintor Silencioso". É fascinante pensar como ele, com sua paciência infinita, desenha em nós não só as marcas da passagem, mas também as camadas de tudo o que vivemos – como se cada linha, cada detalhe, fosse uma assinatura de momentos que nos tornaram quem somos. Se você já sentiu o tempo tocar sua pele, como quem molda memórias no silêncio, quero saber: o que ele pintou em você? Me conta nos comentários, vou adorar saber como você vê a arte do tempo em sua vida.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 10
- Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta, Marcelo Eduardo de Oliveira
Comentários3
O tempo apenas me ensinou que determinados caminhos eu não posso passar, lindo seu poema poetas. Parabéns e boa tarde.
Ah, seu comentário foi como um café quentinho em uma manhã fria: acolhedor e cheio de significado. Obrigado por compartilhar sua visão e por enriquecer essa troca. Que o tempo te traga mais histórias boas do que saudades. E que nunca falte inspiração para escrever novas páginas!
Meu Deus!!! Chorei...
SERGIO NEVES - ...meu conterrâneo amigo...,...citaste Van Gohg como referência para essas pinceladas dadas pelo tempo...,...pois já eu, cito não só Van Gohg, mas também Michelangelo, Vasquez, Monet, Da Vinci, Rembrandt... -e todos outros mais pintores que houver, para referenciar esse teu escrito...,...uma pintura! ...e em isso sendo, com toda a certeza qualquer um deles assinaria...,...é uma "pintura" das grandes! /// Abçs.
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