Sem inspiração

Anna Macedo


Aviso de ausência de Anna Macedo
NO

Numa manhã cinza, como o céu de outono,

meus pensamentos se dispersam em névoas,

como folhas secas que dançam ao vento,

um vácuo no peito, uma página em branco,

o silêncio grita entre as paredes do quarto. 

 

O café esfria na mesa,

e o cheiro do pão aquecido

não consegue despertar minhas musas,

que se esconderam entre as sombras,

embarcando em ondas de dúvidas. 

 

Olho pela janela,

vejo a vida lá fora,

gente apressada, sorrisos trocados,

mas aqui dentro, uma cortina de névoa,

meu coração anseia por palavras que não vêm. 

 

Quantas vezes já escreveram sobre o sol,

as cores do amanhecer, o canto dos pássaros? 

Mas hoje, tudo é sombra e eco,

as letras dançam uma valsa inexplicável,

escorrem como água entre meus dedos. 

 

Busco no passado

momentos de Serenidade,

onde a inspiração fluía como um rio,

caminhos tomados nas madrugadas silenciosas,

mas agora, tudo é neblina e dúvida. 

 

A vida parece um livro fechado,

cujas páginas não se abrem,

um mistério que não consigo decifrar,

frases que estão presas,

como pássaros enjaulados dentro de mim. 

 

Olho para o céu,

vejo nuvens que se movem lentamente,

como minha mente,

perdida entre fragmentos de sonhos,

tentando encontrar sentido em cada instante. 

 

As árvores no parque vibram,

as folhas sussurram segredos ao vento,

mas meu ouvido não capta;

é como se um ruído branco

silenciasse a beleza ao meu redor. 

 

Ah, como eu gostaria de dançar com as palavras,

de deixá-las fluir como um rio caudaloso,

os versos se entrelaçando como raízes,

crescendo firmes, fortes, decididos,

mas aqui estou, parado, aguardando. 

 

De onde vem a inspiração? 

Porém sinto o chamado da semente,

que insiste em germinar em meio à secura,

o desejo de viver, de sentir,

silenciosamente implorando para ser escutado. 

 

A brisa traz um aroma adocicado,

um lembrete de que tudo muda,

a sombra da angústia lentamente se dissipa,

e, quem sabe, o fio da criatividade

comece a se desenrolar de novo. 

 

Então, levanto os olhos e respiro,

tento me conectar com o momento,

escrevo o que sinto, mesmo que vago,

e deixo que o vazio se preencha,

com a beleza do simples, do cotidiano. 

 

E assim, aos poucos,

as palavras começam a tomar forma,

cada letra, uma chama,

cada verso, um passo,

na dança interminável da criação. 

 

E no silêncio profundo,

encontro uma nova melodia,

poemas que nascem da incerteza,

como flores que florescem na pedra. 

Tô sem inspiração, mas ainda estou aqui,

e há beleza em reconhecer

que a arte também vive no vazio,

que talvez, em algum lugar,

a inspiração esteja esperando por mim,

apenas se escondendo entre as nuvens,

pronta para brilhar novamente. 

Anna Macedo 

  • Autor: Anna Macedo (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 10 de janeiro de 2025 22:46
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 10
Comentários +

Comentários3

  • Lucas Guerreiro

    Acho que vc pode revisar o 10º parágrafo, especificamente, o segundo verso dele. Não consegui entender qual seria a construção que você tinha em mente, Se "sinto o chamado da semente" ou "de sentir o chamado da semente". Espero ter contribuído de alguma forma. Seu texto é belo.

  • Sergio Neves

    SERGIO NEVES - ...sem inspiração?! ...santa Margarida!!! ...e o que é que foi tudo isso que tu escreveste? ...caramba! ...esse teu escrito tá é de uma grandeza só! ...não estou dizendo do tamanho do texto, não...,...tô falando da poesia em si...,...uma grandeza de poesia! ...ah! ...quem me dera ficar "sem inspiração" assim como dizes estares...,...dádiva dos Céus me seria! / ...verdadeiramente um escrito admirável esse teu! /// Meu carinho, menina.

    • Anna Macedo

      Muitíssimo obrigada!bju

    • Maria dorta

      Você blasfema contra a falta de inspiração e...se contradiz deixando jorrar um lindo poema que desmente sua falta de inspiração?! E brota na página uma corrente de versos bem inspirados. Aplausos!

      • Anna Macedo

        Muitíssimo obrigada!



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